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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

É sim ou não

Publicado em www.querdizer.com.br em 04/05/2007

Há algum tempo aprendi que na vida só há duas respostas: é sim ou não. Mesmo quando estamos na dúvida, já temos uma tendência, que acaba se confirmando ao final. Por isso, é sempre importante seguir a intuição, que traz as respostas antes mesmo que o desejo seja verbalizado. Por isso, quando tenho que tomar uma decisão, ouço sempre a minha intuição e dependendo do sim ou do não que ela me diz, sigo adiante ou não.

E como é que definimos o sim e o não. Na lingüística, Ferdinand de Saussure descreve um signo como uma combinação de um conceito com uma imagem sonora. Surge, então, o significante e o significado. O significante é a parte concreta do signo, como sons ou letras e perceptível através dos sentidos; e o significado, é a idéia formada, a imagem que tem-se em mente. Também na teoria saussiriana, o signo linguístico é arbitrário e convencional. Isto é, alguém resolveu dizer que sim é sim e passou a ser sim. Mas, e na vida?

O sim de hoje pode ser o não de amanhã. Temos o livre arbítrio de podermos mudar de opinião. Como perguntei no artigo anterior - Nossas escolhas de cada dia: "será que é possível fazer a desescolha - se é que existe essa palavra - quando fazemos a escolha e não queremos mais?. Hoje respondo melhor. É possível sim voltar atrás. Mas não é possível voltar ao mesmo instante em que decidimos. O mundo gira. Por isso, prefiro viver o presente. Se vou seguir meu destino ou mudar minha rota, isso não importa. O que é importa é que eu seja feliz hoje, principalmente hoje.

E vamos ver o quanto é difícil dizer sim para escolhas que nos fazem mais felizes. Desde criança a maioria de nós acaba sendo educado ou educada para o não. Não faça isso, não faça aquilo. Frases verbalizadas, costumeiramente seguidas de um gesto com o indicador, que só ensinam a negação. Não que não seja bom ter limites, desde que um não se transforme num sim, sim para uma vida melhor no futuro, e não num não para a vida.

A negação para uma vida mais feliz também está presente nos sim que vamos dizer. Há certas situações em que mesmo dizendo sim, quando na verdade o nosso desejo era dizer não, acabamos nos enganando. Há quem diga sim para agradar ao chefe, ao companheiro ou companheira, aos filhos. Acham que o sim pode pôr fim a uma discordância. A pessoa diz eu quero assim, você concorda e, aparentemente, tudo se resolve. Mas será que se resolve mesmo? Acredito que não. Não podemos dizer sim que violentem a nossa forma de viver. O sim e o não devem ser do fundo do coração, tanto que sempre dizemos que amigos não são aquelas pessoas que nos dizem o que queremos escutar, mas o que precisamos escutar.

Sei que nem sempre é fácil decidir. A vida é feita de escolhas. O amor, por exemplo, é feito de coincidências, sorte e de escolhas. As duas primeiras opções não dependem da nossa vontade, mas a última, dependendo dos sim ou não que vamos dizer, podemos ser mais felizes ou não.

E quando a nossa decisão depende da decisão de outras pessoas, fica mais difícil ainda. Pior é quando ficamos reféns das escolhas dos outros. Neste caso, não sou adepta do grande sucesso de Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar. Nem de Cazuza: vida louca, vida breve. Já que eu não posso te levar, quero que você me leve. Não. Precisamos aprender dizer sim ou não por nós mesmos e não pelos outros. Devemos tomar as nossas decisões a partir das nossas escolhas e não esperar que o outro escolha para, então, decidirmos. Precisamos aprender a ser donos das nossas escolhas.

O sim e o não também se traduzem em gestos. Então, vamos aprender a perceber a atitude dos outros. As ações falam mais que as palavras. Muitas vezes ficamos diante de pessoas que nos dizem sim, mas quando brigam, ignoram, maltratam, usam e abusam de nós, seja no trabalho, na família ou num caso de amor, na verdade, estas pessoas estão nos dizendo não. Não a nós, não à possibilidade e o direito que temos de levarmos uma vida mais feliz. No outro extremo, às vezes, nos deparamos com pessoas que nos dizem não, mas quando nos afagam, nos compreendem, nos incentivam, estas pessoas estão dizendo sim. Já viram o caso de namorados que, quando brigam, um diz para o outro: não me ligue mais, quando na verdade tudo o que um quer é que o outro diga sim para a relação e ligue.

Não vamos esquecer também que o corpo também fala e, portanto, se um sim ou um não são verbalizados, mas os olhos ficam perdidos, a cabeça faz ligeiros movimentos, a perna balança, as mãos se esfregam uma na outra, então, é sinal de que há algo de errado. Este sim pode ser um não. Ou o não pode ser um sim. Some-se à intuição, à observação.

Nem o silêncio é silêncio. Quando silenciamos, apenas não verbalizamos o sim ou o não, mas as nossas atitudes, sem sombra de dúvidas, já o fizeram. Apenas silenciamos para não gerar um conflito ou para tentarmos sermos omissos, deixando que os outros decidam por nós. Quando agimos assim, podemos até confundir os outros, deixá-los na dúvida, mas, no fundo o que queremos é que o outro entenda o nosso sim ou o nosso não e, de preferência, verbalize o sim ou o não para atender às expectativas que desejamos.

O sim mais famoso que conhecemos é aquele diante do altar. Ali, se a nossa escolha foi bem feita, este sim não vai se transformar em não com o passar dos anos. Este sim vai reafirmar os laços de felicidade e todos os dias, quando olharmos para aquela pessoa, vamos ter certeza de que, embora a convivência muitas vezes nos coloque diante do não, é possível sim seguir adiante.

Sim ou não são apenas três letras que podem fazer toda a diferença em nossas vidas. E, para quem ainda não sabe que caminho seguir, termino com uma oração que conheci há poucos dias. É a Oração da Serenidade: "Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir uma da outra". Então, vamos aprender a dizer sim ou não.

Nossas escolhas de cada dia

* Publicado em www.querdizer.com.br em 05/02/2007

Há certos momentos em nossas vidas em que ficamos diante de uma encruzilhada. Precisamos fazer uma escolha. Nesses momentos experimentamos aquela sensação de querer ter o dom de saber o que futuro nos reserva, mas se isso fosse possível perderia a graça. A vida é mágica, é cruzar os dedos para ver se vai dar certo, é acreditar e, ao final, sorrindo ou chorando, perceber que valeu pela experiência. Decepcionar-se ou encantar-se antecipadamente tira o charme.

Uma nova proposta de trabalho, fazer mestrado, mudar de cidade para viver um grande amor, escolher a opção do vestibular, decidir ser pai ou mãe, aceitar aquele convite para sair, convidar alguém para sair. Uma decisão pode mudar toda uma vida. Por isso o friozinho na barriga, a insegurança, a busca pelo aconchego e colo. Nessas horas, os anjos que aparecem em nossas vidas estão presentes para ouvir, incentivar, mas, principalmente para entender nossas opções.

No final das contas, caberá a cada um de nós decidirmos o que queremos para as nossas vidas. Estamos sempre diante de situações em que podemos mudar toda a nossa história e sermos mais felizes ou não. É. Essa tal felicidade. Que tanto procuramos. De repente um deslize e acabou. Ou então, uma atitude e a temos.

Há aqueles que certamente dirão que acreditam em destino e, por isso, escolhendo sim ou não, mais cedo ou mais tarde, o destino se incumbirá de providenciar o que estava traçado. Apostam no ditado: o que é do homem o bicho não come. Há os que não acreditam. Dirão que o destino cada um faz a seu modo e dependendo das suas escolhas. Não sei quem terá mais razão.

E quando fazemos a escolha e não queremos mais. Como fazer a desescolha? Se é que existe essa palavra. Será que é possível voltar no tempo, mudar o rumo da história como naquele filme “De Volta para o Futuro”. Não sei. Por isso, prefiro viver o presente. Sou daquelas que acredito que é preciso seguir a intuição. Ser racional é bom, melhor ainda é ser emocional. Se vou seguir meu destino ou mudar minha rota, isso não importa. O que é importa é que eu seja feliz hoje, principalmente hoje.

Faço sempre o que o meu coração pede e, embora aparentemente não seja a melhor opção, dando certo ou errado, ainda assim, sou feliz. A vida não pode ser matemática, é melhor que seja filosofia