Autoras:
Edvania Kátia Sousa Silva
Integrante da Coordenação Geral do Intercom Nordeste 2008
Integrante do Núcleo Maranhense da Rede Alfredo de Carvalho
Roseane Arcanjo Pinheiro
Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo
Integrante da Coordenação Científica do Intercom Nordeste 2008
Integrante do Núcleo Maranhense da Rede Alfredo de Carvalho
Palavras-chave: Bicentenário da Imprensa Brasileira; Maranhão; História da Mídia; Produção Científica; Século XX.
Resumo:
Visando os preparativos para o Bicentenário da Imprensa Brasileira (1808-2008), a Associação Maranhense de Imprensa fundou em 20 de agosto de 2003 o Núcleo Estadual da Rede Alfredo de Carvalho, quando implementou o projeto Memória Maranhão-Imprensa 200 anos. A partir daí, foram realizados dois encontros estaduais sobre a história da mídia em São Luís, promovido o IV Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho e o Seminário “60 + 100= antigos e novos desafios do jornalismo no Maranhão”, em parceria com a INTERCOM. No presente trabalho, fez-se um mapeamento da produção científica sobre a História da Mídia Maranhense apresentada naqueles eventos científicos, incluindo-se os trabalhos aceitos nos encontros nacionais de 2003, 2004, 2005 e 2007. Através dessa iniciativa, sistematizou-se os principais temas e linhas de pesquisa adotados e apontou-se lacunas e avanços nesses estudos. Para obter esses resultados, foram utilizados o método qualitativo e a técnica de pesquisa documental.
1. Percurso da Rede Alfredo de Carvalho no Brasil e o projeto Memória Maranhão - Imprensa 200 anos
A Rede Alfredo de Carvalho para o resgate da Memória da Imprensa no Brasil chega ao V Congresso Nacional de História da Mídia, realizado em Niterói (RJ) entre 13 e 16 de maio de 2008, numa parceria com a Universidade Federal Fluminense-UFF, com passos significativos que merecem registro para que os avanços conquistados até o momento possam servir de referência a profissionais, professores, pesquisadores e estudantes que se interessam pelo tema. Assim, o Núcleo Memória e Imprensa, da Associação Maranhense de Imprensa, associado à Rede Alfredo de Carvalho, apresenta a evolução histórica do movimento, consolidado por meio desta rede midiática.
No Brasil, a Rede Alfredo de Carvalho para o resgate da Memória da Imprensa no Brasil surge em 1º de junho de 2003, em solenidade no Instituto Geográfico e Artístico, com a participação da Associação Brasileira de Imprensa, Federação Nacional dos Jornalistas, além de outras instituições participantes, e foi batizada em homenagem ao pesquisador pernambucano Alfredo de Carvalho, que empreendeu há um século atrás o primeiro mapeamento da imprensa brasileira. O professor José Marques de Melo, presidente da Rede Alcar, explica o objetivo deste mutirão acadêmico: “a Rede Alfredo de Carvalho lançou bandeira destinada a converter o século XXI no século da imprensa brasileira, contribuindo para o fortalecimento da nossa cidadania. Sua premissa é a de que o processo civilizatório ancora-se na capacidade de abstração intelectual dos componentes de qualquer sociedade humana” ( MARQUES DE MELO et al, 2002, p.8).
Desde que foi lançada até a realização do Congresso de Niterói, a Rede Alfredo de Carvalho esteve presente em sete Estados brasileiros através da iniciativa de seus núcleos locais. Além do primeiro evento realizado no Rio de Janeiro, em 2003, a segunda edição aconteceu em Florianópolis (SC), em 2004; a terceira edição em Novo Hamburgo (RS) no ano de 2005; a quarta edição em São Luís (MA) em 2006; a quinta edição em São Paulo em 2007 e a sexta edição no Rio de Janeiro este ano.
Em sua plataforma, a ação da Rede Alberto de Carvalho:
“inclui como item prioritário, a atualização do inventário da imprensa brasileira. Deseja-se completar as lacunas deixadas pela equipe de 1908, além de fazê-lo avançar até 2008. Mais do que isso: pretende-se realizar a interpretação dos dados acumulados, construindo indicadores capazes de balizar o trabalho dos historiadores e dos cientistas da comunicação” (MARQUES DE MELO et al, 2002, p.9).
Entre seu programa estão incluídos estudos, cursos, eventos e publicações, além de projetos de instituições participantes. Nestes 5 anos, os encontros nacionais congregaram pesquisas realizadas em todo o país, com a apresentação e sistematização das mesmas visando a acumulação do conhecimento em universidades, associações e núcleos de estudos. Os trabalhos apresentados são divididos em 10 grupos : História da Mídia Impressa, História da Midiologia, História das Relações Públicas, História do Jornalismo, História da Mídia Sonora, Mídia Alternativa, Mídia Audiovisual, Mídia Digital, Mídia Visual e Publicidade e Propaganda (REDE ALCAR, 2007).
O Encontro de São Luís, reunindo 500 pessoas, é um marco. Neste evento o Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho transforma-se no IV Encontro Nacional de História da Mídia. Consegue a Associação Maranhense de Imprensa, que desencadeou o processo, reunir a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Faculdade São Luís e Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma), as três principais instituições de ensino da capital com cursos de Comunicação Social, para realizar o evento que guardou em si uma característica: a movimentação da cidade em torno do tema mídia e memória.
É preciso entender o ambiente criado para culminar com o evento. Ao abraçar essa importante causa, comprometendo-se a desenvolver no Estado do Maranhão ações que contribuíssem para a preservação da Memória da Imprensa, através do projeto Imprensa 200 Anos - Memória Maranhão, a Associação Maranhense de Imprensa realizou uma série de atividades que culminaram com o IV Encontro Nacional de História da Mídia.
Os primeiros passos foram dados em agosto de 2003, quando foi lançado na Faculdade São Luís o Núcleo Memória e Imprensa, mas o lançamento do projeto Imprensa 200 Anos - Memória Maranhão só veio a se consolidar no dia 10 de novembro, na abertura do I Encontro de História das Mídias do Maranhão, que contou com a presença do Professor Doutor José Marques de Melo, coordenador da Rede Alfredo de Carvalho.
À convite da organização do evento, o professor doutor José Marques de Melo ministrou uma conferência para profissionais, professores e estudantes da área de comunicação e pessoas da comunidade interessadas. No seminário de dois dias, que reuniu 350 participantes, foram apresentados 21 trabalhos e pesquisas sobre a Memória da Imprensa, bem como reportagens, fotografias, livros e vídeos. Todo o material deverá compor o inventário da imprensa maranhense, primeiro passo para a criação do Memorial da Imprensa.
O seminário criou condições para se consolidar no Maranhão o braço da Rede Memória, formado por entidades representativas dos profissionais (Sindicatos, Associações e Conselhos), centros universitários de ensino e universidades (Faculdade São Luís, UFMA e Uniceuma), entidades representativas dos estudantes de Comunicação (D.A Comunicação e Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação), veículos de comunicação (O Imparcial, Jornal Pequeno, Atos e Fatos, O Estado do Maranhão), empresas da área de Comunicação (Cia da Comunicação, Intermídia Comunicação Integrada), organismos governamentais (Prefeitura de São Luís, Iphan e Biblioteca Pública Benedito Leite) e outras entidades da sociedade civil organizada, que resolverem aderir ao projeto.
No ano seguinte, é realizado o II Encontro de História das Mídias do Maranhão, realizado paralelamente à X Semana de Comunicação, numa promoção da Associação Maranhense de Imprensa e Curso de Comunicação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O evento teve como parceiros o Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão, Curso de Comunicação do Uniceuma e Curso de Jornalismo da Faculdade São Luís. Com o tema Comunicação, História e Política, o encontro trouxe um debate aprofundado sobre o papel dos profissionais da comunicação na sociedade. O evento foi comemorativo aos 35 anos do curso de Comunicação da Universidade Federal do Maranhão, criado em 1970.
Foram, então, criadas à época todas as condições para trazer ao Maranhão o IV Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, com a meta de reunir em São Luís cerca de 500 doutores, mestres, pesquisadores e professores que integram a Rede Alfredo de Carvalho. A meta foi alcançada. Mais que isso: era pautar o tema da memória da imprensa para a sociedade, o que foi conseguido através das séries publicadas em dois jornais de grande circulação na capital do Estado. Em O Estado do Maranhão, foi publicada, sob a coordenação da jornalista Roseane Arcanjo Pinheiro, a série Imprensa e Memória, entre 2003 e 2005 que trazia para o conhecimento do grande público, em formato jornalístico, os resultados das pesquisas científicas sobre a história da imprensa no Maranhão. Em O Imparcial, da Rede Associados, sob a coordenação da jornalista Edvânia Kátia Sousa Silva, foi publicada a série Memória em Pauta, entre 2004 e 2005, que consistia em reunir em um bate-papo os profissionais da mídia que pudessem relatar fatos marcantes da história da imprensa no Maranhão.
Em 2007, o núcleo maranhense promoveu no dia 5 de julho o Seminário Joaquim Serra, marco comemorativo dos 30 anos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação-Intercom, com o apoio da Universidade Federal do Maranhão. O nome do evento foi uma deferência à memória do pesquisador Joaquim Serra, autor de obra de referência do século XIX sobre a imprensa no Estado. O tema central do seminário, que reuniu alunos dos cursos de Comunicação no Campus da Universidade, foi “Antigos e Novos desafios do Jornalismo no Maranhão”.
O projeto Memória Maranhão-Imprensa 200 anos continua em andamento e uma dos principais desafios é implantar o Memorial da Imprensa do Maranhão, um espaço apropriado para a preservação do patrimônio material e imaterial da imprensa. O I Encontro Estadual da História das Mídias foi um primeiro passo nesse sentido, uma vez que foi a partir do Encontro que começou a ser levantado todo o material produzido pelos pesquisadores da área da Comunicação e de outras áreas afins, e pelos profissionais (vídeos, reportagens, exposições, livros, fotografias, etc) de forma a constituir o inventário da imprensa maranhense, trabalho indispensável para que se possa ter o acervo dos bens que construíram a história do jornalismo e da comunicação de um modo geral. Entretanto, novas páginas ainda serão escritas no sentido de atingir esse objetivo.
2. A produção científica sobre História da Mídia maranhense (2003-2007)
No I Encontro sobre a História das Mìdias no Maranhão, entre 19 e 11 de novembro de 2004, ocorrido no auditório do Uniceuma, foram apresentados 21 trabalhos, divididos em mostra midiática e grupos de trabalhos (GTs). Para mapeamos a produção científica, vamos seguir como parâmetro a divisão de temas da Rede Alfredo de Carvalho e seus 10 GTs: História do Jornalismo, História da Publicidade e Propaganda, História das Relações Públicas, História da Mídia Impressa, História da Mídia Sonora, História da Mídia Visual, História da Mídia Audiovisual, História da Mídia Digital, História da Mídia Alternativa e História da Midiologia. A partir desta referência, nota-se que no primeiro encontro maranhense sobre a história da mídia local há uma predominância de pesquisas sobre mídia impressa e jornalismo, com ausência de estudos em Midiologia, Mídia Visual, Mídia Alternativa e Mídia Digital:
Quadro 1
Jornalismo - 5
Mídia Impressa - 9
Mídia Sonora - 3
Mídia Audiovisual - 3
Relações Públicas - 1
Publicidade e Propaganda - 0
Midiologia - 0
Mídia Visual - 0
Mídia Alternativa - 0
Mídia Digital - 0
Destacam-se trabalhos sobre mídia impressa, que responde pela maioria dos estudos e produtos midiáticos apresentados. Neste item, há expressivo número de pesquisa sobre a memória dos jornalistas, em MORAES (2004), PINHEIRO (2004a) GUIMARÃES et al (2004) e COELHO NETO (2004), denotando preocupação dos espaços acadêmicos no sentido de recuperar a memória da mídia local. É notável ainda o volume de estudos relacionados aos séculos XIX e XX, sobre a imprensa do Império e República, a exemplo de GALVES (2004), PINHEIRO (2004b) e MARTINS (2004), bem como relacionados aos paradigmas gráficos nos jornais locais e na imprensa nacional, citamos FERREIRA (2004) e AZAMBUJA (2004).
Dando continuidade aos trabalhos, no ano seguinte, foi realizado o II Encontro de História da Mídia do Maranhão, com uma quantidade maior de trabalhos apresentados, entre comunicações científicas e produtos da mostra midiática. Foram 34 ao total com configuração diferente do primeiro encontro e com estudos em áreas que careciam de trabalhos. Em 2005, o evento foi realizado na Universidade Federal do Maranhão, em ato comemorativo aos 35 anos de fundação do Curso de Comunicação Social, o que colaborou para impulsionar um número maior de participantes, entre professores, estudantes e profissionais, visto que é a instituição mais antiga e a única que apresenta as três habilitações em Comunicação: Jornalismo, Relações Públicas e Rádio e TV. Possui corpo de mestres e doutores com histórico mais consolidado na realização de pesquisa neste campo de conhecimento.
Quadro 2
Jornalismo - 5
Mídia Impressa - 1
Mídia Sonora - 6
Mídia Audiovisual - 3
Relações Públicas - 9
Publicidade e Propaganda - 3
Midiologia - 3
Mídia Visual - 0
Mídia Alternativa - 1
Mídia Digital - 3
Houve neste evento um salto no número de pesquisa na área de Relações Públicas, de 1 trabalho para 9, com enfoques em estratégias de comunicação, atuação no Terceiro Setor, planejamento em comunicação e auditoria organizacional, entre outros tópicos. Registre-se um esforço de professores e estudantes de RP em socializar os estudos elaborados com vistas ao fortalecimento da habilitação.
Por sua vez, o campo do Jornalismo manteve entre os que receberam mais trabalhos, porém a habilitação mostra-se com fôlego para a produção científica, ao contrário do GT de Mídia Impressa, cuja queda em volume de pesquisas foi acentuada com a evolução dos trabalhos em Publicidade e Propaganda, Mídia Sonora, Midiologia e Mídia Digital, cujas linhas de pesquisa foram priorizadas na produção científica do Curso de Comunicação Social da UFMA naquele período.
Em 2006, em decorrência do IV Encontro Nacional de História da Mídia ter sido sediado em São Luís-MA, não houve um encontro estadual sobre a temática, tendo o evento nacional abarcado os trabalhos locais sobre a memória da imprensa maranhense. A partir deste ponto, vamos analisar a participação dos pesquisadores do Estado do Maranhão nos encontros anuais da Rede Alfredo de Carvalho. Segue quadro:
Quadro 3
I Encontro da Rede Alcar - 3
II Encontro da Rede Alcar- 3
III Encontro da Rede Alcar -4
IV Encontro da Rede Alcar- 37
V Encontro da Rede Alcar - 3
Houve um salto, passando de média de 3 para 37 inscrições quando a capital ludovicense foi palco do congresso em 2006, entretanto o volume voltou ao mesmo patamar quando o encontro ocorreu em São Paulo, no ano seguinte. Em sua maioria, os trabalhos estão relacionados aos GTs de História do Jornalismo, Mídia Impressa, Mídia Sonora e Mídia Audiovisual, mostrando que há uma importante concentração de estudos nessas áreas e que estão sendo agregados através das iniciativas do Núcleo Maranhense da Rede Alcar e da articulação de professores, estudantes e profissionais.
No entanto, o volume de trabalho de estudiosos maranhenses em eventos nacionais da Rede Alcar é ainda tímido. Os motivos que podem explicar a situação são de várias matizes: a cultura incipiente da pesquisa, que tem possibilidade de deslanchar frente ao número crescente de professores que estão concluindo o doutorado; o isolamento geográfico e a distância dos grandes centros produtores de conhecimento em comunicação; as dificuldades financeiras por conta do elevado gasto para a participação em eventos fora do Estado e a ausência de apoio oficial das agências.
A mobilização, iniciada pela Associação Maranhense de Imprensa, que fundou em 2003 o Núcleo Estadual da Rede Alfredo de Carvalho e abraçou o projeto Memória Maranhão Imprensa 200 anos, permanecerá para continuar a colaborar com os espaços acadêmicos e profissionais visando fortalecer o esforço coletivo na busca pela identidade da imprensa maranhense, suas raízes, suas singularidades e contradições. Compreendendo o cenário passado, os comunicadores, pesquisadores e alunos poderão escrever novos capítulos desta imprensa, a quarta a debutar nos territórios portugueses na América.
3. Conclusões
A Rede Alfredo de Carvalho e o Núcleo Maranhense da Rede Alcar, através do projeto Memória Maranhão Imprensa 200 anos, aglutinaram iniciativas no Maranhão que visam a preservação da memória da mídia local envolvendo especialistas e a comunidade em geral. Dessa forma, o Núcleo disseminou que a história da mídia é um bem coletivo, que não pertence somente aos comunicadores, sendo um dos fundamentos das transformações socioculturais. A partir dessas ações, docentes, estudantes e profissionais se mobilizaram para realizar projetos e pesquisas no sentido de resgatar personagens, histórias e reflexões sobre a imprensa maranhense.
No campo científico, o Núcleo maranhense foi marco para a participação de profissionais e alunos em eventos locais e nacionais ao pavimentar a história de imprensa enquanto relevante linha de pesquisa que até então carecia de iniciativas que vislumbrassem o profissional da comunicação enquanto sujeito de sua história, participante ativo dos fatos que decidem o destino das sociedades.
Portanto, contar a história da imprensa é valorizar o processo histórico e seus agentes sociais. Nestes cinco anos de atuação, o Núcleo Maranhense de Rede Alfredo de Carvalho contabiliza a contribuição de 105 trabalhos e produtos midiáticos reunidos por meio da interação entre as instituições de ensino, os profissionais e a comunidade com vistas a fortalecer a caminhada dos homens e mulheres que fazem os meios de comunicação no Estado e fazê-la conhecida e respeitada por todos.
4. Referências Bibliográficas
ANAIS DOS ENCONTROS NACIONAIS DA REDE ALFREDO DE CARVALHO, 2003-2007. Acesso em 12 de abril de 2008. Disponível em: http://www.redealcar.jornalismo.ufsc.br/index.htm.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
JORGE, Sebastião. Os primeiros passos da imprensa no Maranhão. São Luís, PPPG/EDUFMA, 1987.
LOPES, Antonio. História da Imprensa no Maranhão. Rio de Janeiro, DASP, 1959.
SERRA, Joaquim. Sessenta anos de Jornalismo: a imprensa no Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.
I ENCONTRO ESTADUAL DA HISTÓRIA DA IMPRENSA MARANHENSE, 2004, São Luís: Associação Maranhense de Imprensa/Núcleo Estadual Rede Alfredo de Carvalho, Uniceuma, UFMA e Faculdade São Luís, 10 e 11 nov. 2004.
II ENCONTRO DE HISTÓRIA DAS MÍDIAS DO MARANHÃO/X SEMANA DE COMUNICAÇÃO, 2005. São Luis: Universidade Federal do Maranhão e Associação Maranhense de Imprensa/Rede Alcar.
IV ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 2006. São Luís: Associação Maranhense de Imprensa; Rede Alfredo de Carvalho; Uniceuma; UFMA e Faculdade São Luís, 30 de maio a 2 de junho.
MARQUES DE MELO, José; IPANEMA, Cibelle de; BERTOLETTI, Ester. Rumo ao Bicentenário da Imprensa. Salvador: Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia (Nehib); São Paulo: Rede Alfredo de Carvalho, 2002.
Boas vindas
Aqui estou para compartilhar um pouco do que penso sobre a vida e sobre a profissão de jornalista. Sejam todos bem-vindos
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
A história dos bairros de São Luís
Publicada no dia 08.09.2005
Um passeio pela história dos bairros de São Luís
A origem do nome dos bairros de São Luís tem inspirações diversas. Cada nome carrega consigo uma história própria deste povo que no exato ano de 2005 comemora os 373 anos da cidade. Houve a época dos conjuntos habitacionais financiados pelo extinto Banco Nacional de Habitação (BNH), os bairros que buscaram inspiração nos santos e os redutos culturais.
Data dos anos 70, o início das cooperativas habitacionais na cidade. Grupos de pessoas de uma determinada categoria profissional recebiam financiamento do governo federal, por meio do extinto BNH. Assim surgiram, Cohatrac, Cohaserma e Cohafuma. Os conjuntos residenciais da década de 70 ganhavam seus nomes inspirados em homenagens às categorias.
O Cohafuma, que poucos sabem, é o Conjunto Habitacional dos Professores da Universidade Federal do Maranhão e tem suas ruas batizadas em homenagem aos cursos superiores. As ruas homenageiam os cursos: rua da Filosofia, rua da Matemática, rua da Geografia e, como não poderia deixar de ser, a rua dos Professores. Hoje, o bairro repousa tranqüilamente às margens da avenida Jerônimo de Albuquerque, entre o Vinhais e o retorno do Calhau. O Cohaserma, por sua vez, veio do financiamento para a Cooperativa dos Servidores do Estado do Maranhão. Localizado entre o Parque Atenas e a Cohama.
De um financiamento voltado para servidores federais, surgiu o Ipase. O nome original é conjunto José Bonifácio de Andrade e Silva, tutor de Dom Pedro I, mas ganhou o nome de Ipase por causa do Instituto de Previdência e Assistência do Estado, órgão ligado ao governo federal. Como conta o professor Waldir Costa, morador há mais de 30 anos, que o conjunto surgiu a partir de uma construção do antigo INPC (Instituto Nacional da Previdência). "Nesse tempo a Previdência era administrada pelo INPS, Funrural e Ipase, este último atendia os servidores federais nos Estados. E o governo federal decidiu investir na construção de imóveis para os segurados do Ipase nos Estados. Assim, foram construídas casas em todo o Nordeste e o último Estado foi o Maranhão. As famílias não tiveram condições de ficar com as casas e a população se candidatou aos imóveis. Mas o nome ficou", relembra.
O Cohatrac I nasceu da Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores do Comércio. Na sequência vieram Cohatrac II, Cohatrac III, Cohatrac IV e Cohatrac V. "Depois do Cohatrac I, só o II foi feito a partir do sistema de cooperativa. A partir do Cohatrac III, a construtora (Estrela) assumiu a responsabilidade de construir imóveis e vender. Segundo os moradores, foi quando o conjunto deixou de ser um recanto dos comerciários e passou a ser um conjunto de comerciantes.
O governo estadual também foi responsável pelo crescimento fora do perímetro central da cidade. Construída pela antiga Cohab (Companhia Habitacional do Maranhão), o bairro de mesmo nome tem seus 35 anos de existência e abriga hoje algo em torno de 10 mil famílias. Hoje, é formado por quatro conjuntos, que os moradores identificam pela ordem de construção.
Os redutos culturais
Nos arredores do Centro de São Luís, um dos mais antigos é o Bairro de Fátima, que rende suas homenagens à Nossa Senhora de Fátima, a santa que dá nome à igreja da comunidade. O bairro surgiu na década de 40 resultado de ocupações dos antigos terrenos da Marinha, Exército e Caixa Econômica e cresceu em decorrência do aumento do êxodo rural e da expansão desordenada da cidade a partir da década de 50. Outra versão dá conta de que o nome Cavaco veio de uma árvore cortada logo na entrada do bairro. "Existia nas proximidades do Bom Milagre um pé de arvore cortado. Aí foi batizado de Cavaco. Quando o Cafeteira foi prefeito, o bairro foi invadido por máquinas e então foi construída a capela. Coincidiu com a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a São Luís, e o bairro e a capela foram batizados de Fátima", lembra Luís Carlos Guerreiro, cantor e compositor nascido e criado no bairro.
Mais adiante, o João Paulo, outro bairro que tem fortes traços culturais. Ficou conhecido pelo tradicional festejo de São Marçal, que acontece todos os anos no dia 30 de junho, com a reunião de todos os grupos de bumba-meu-boi da cidade. Contam os antigos que a primeira reunião dos brincantes aconteceu por volta de 1928. O bairro era um sítio de nome João Paulo e o proprietário era Simeão Costa. Mas a origem do nome vem da época em que um homem por nome João Paulo vendia cafezinho no Caminho Grande, depois avenida João Pessoa e que este ano ganhou o nome de São Marçal em homenagem ao santo. O bairro se orgulha do patrimônio cultural e ostenta o registro de histórico de ser sede da primeira escola de samba de São Luís, a Turma da Mangueira, mas também guarda em si uma grande vocação comercial. É um grande centro comercial, o segundo a surgir na capital. No João Paulo, a avenida João Pessoa traz uma infinidade de comércios, o colégio Batistas, um dos mais antigos de São Luís. Nas ruas paralelas, estabeleceu-se o comércio atacadista, especialmente na rua Riachuelo.
Bem próximo ao Centro está a Madre Deus, inicialmente batizada de Madre de Deus. A história do bairro ganhou um livro. Madre Deus de Festejos e Festanças, de autoria de Chagas Júnior. Segundo Chagas, os primeiros registros do bairro datam de 1713, quando um vilarejo foi formado em torno de um local conhecido como Ponta de Santo Amaro. No final do século XIX, devido à instalação das fábricas de tecidos, teve sua população multiplicada. Hoje é um dos grandes celeiros da cultura popular abrigar grupos de manifestações folclóricas e por ser palco das folias de Carnaval e São João. Segundo o livro, há o registro de 21 manifestações culturais do bairro.
Comunidades remanejadas
A Areinha contabiliza seus 33 anos de existência. Tudo começou na época da construção da Ponte Bandeira Tribuzzi nos idos de 1972. Os então moradores da Camboa foram remanejados para o loteamento da Areinha, da União de Moradores do Bairro da Areinha (UMBA) e então surgiu o bairro. Uma de suas principais avenidas - , que dá acesso à avenida dos Africanos é corredor diário de transporte, tendo ao longo de sua extensão comércios de todo o tipo. Nos últimos 20 anos, os três mil moradores passaram a conviver com ilustres vizinhos órgãos da Justiça Federal, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Tribunal de Contas da União, mas nem assim dificuldades estruturais foram superadas.
O Túnel do Sacavém apresenta a falta de saneamento básico como uma das maiores dores de cabeça de uma parcela notável de seus moradores. O bairro, localizado nas proximidades da Jordoa, do Filipinho e do Barreto, teve o seu nome originado com base na influência direta do túnel existente sob a avenida João Pessoa, por onde passava a antiga estrada de ferro.
Homenagens diversas
O nome da maior ocupação da América Latina tem sua história. A Cidade Olimpíca nasceu em 1994, na época da Olimpíadas, daí da homenagem. Desejava a comunidade mostrar que seria vitoriosa como atletas que disputaram as competições. Hoje, seus 65 mil habitantes ainda enfrentam problemas com infra-estrutura e não sabem qual será o futuro: se São Luís ou São José de Ribamar. A comunidade é uma das área da cidade que está no debate sobre os limites territoriais da Ilha de São Luís
A televisão não ficou de fora. A novela Redenção deu nome ao bairro que surgiu em 1965 a partir de uma ocupação erguida sobre uma sobra de terreno do conjunto residencial Filipinho. Quem conta a história é Martinho Marinho Costa. "Nós vivíamos os mesmos dramas enfocados na novela, daí optarmos em adotar o seu título para denominar o bairro", disse. Hoje a comunidade vive sob a ameaça do despejo. A área de 52.912,29m2 pertence ao INSS e pode ser vendida a qualquer momento. A decisão está nas mãos da Prefeitura de São Luís, que cobra os tributos aos moradores.
A tendência por nomes em homenagens a políticos é comum. A primeira governadora mulher do Estado ainda dá nome a Vila Roseana Sarney, em São Luís. Pequena, mas organizada, é um dos menores bairros de São Luís. Localizada entre a Rodoviária, a avenida dos Franceses e a Vila Lobão, são apenas cinco ruas, onde famílias moram desde maio de 1994.
A Vila Lobão, homenagem ao então senador Edson Lobão, está encravada entre os bairros de Santo Antônio e Anil, nas proximidades do Terminal Rodoviário e da vizinha Vila Roseana.
Há também a homenagem a outros países. Assim, temos a Alemanha, Coréia e Japão. No caso da Alemanha, até a divisão política do país que deu origem ao nome permaneceu, e, assim, há a Alemanha de cima, caracterizada pelo luxo dos seus casarões, e a de baixo, marcada pela pobreza.
E a mãe natureza também não foi esquecida. Dois bairros nascem a partir da sugestão da natureza. Assim, o Angelim, árvore frondosa de cheiro pouco agradável, dá nome ao bairro que nasce no coração de uma floresta, construído pela antiga Cohab. Em seus arredores está o Angelim Velho, bairro pacato que, apesar da proximidade de grandes centros, ainda conserva algumas características da fundação, há cerca de um século, como as casas com grandes terrenos e árvores frondosas, motivo de tranqüilidade para as duas mil famílias que moram no local.
Inspirações religiosas
Na época em que o papa João Paulo II veio a São Luís, em 1982, nasce o João de Deus. A idéia de dar à ocupação o nome do maior ícone religioso do mundo foi uma forma encontrada pelas famílias para dar legitimidade à ocupação. "A gente não tinha casa para morar. Então resolvemos nos reunir e erguer as nossas casas", diz Maria Lúcia Pereira Cantanhede, uma das fundadoras do bairro. Hoje, a área de 110 hectares onde foi erguida o bairro é alvo de uma pendenga judicial numa ação movida desde 1985 pelos herdeiros B. R e Artemizia Pinheiro. Eles culpam o município e o Estado de ter facilitado a invasão e querem uma indenização.
O Bom Jesus também seu nome inspirado na fé. São mais de 18 anos de existência. Hoje seus 30 mil habitantes esperam com fé por dias melhores. O bairro apesar dos anos de existência e do grande contingente populacional apresenta velhos problemas de segurança e falta de estrutura.
Esperançosos também vive os moradores da Divinéia, inspirada em divino. A antiga invasão, situada entre os bairros da Vila Luizão, Olho D'Água e Santa Rosa, foi fundada há aproximadamente 15 anos, e as famílias, em sua maioria de baixa renda, lutam por uma melhor qualidade de vida.
A fé que se renova todos os dias foi suficiente para o surgimento da Fé em Deus, bairro localizado entre a Liberdade e o Monte Castelo, e distante cerca de quatro quilômetros do Centro. Nem por isso as quatro mil famílias viram acontecer muitos dos milagres pedidos.
Padroeiro da paz, São Francisco acabou escolhido com santo protetor da comunidade de pescadores que deu origem ao bairro do São Francisco. A comunidade já existia antes da construção da ponte José Sarney, na década de 60. Mas somente em 1971, foi criada a paróquia de São Francisco de Assis. Desde então são realizadas, anualmente, homenagens para o santo.
Um dos maiores aglomerados é o São Raimundo. O conjunto residencial existe há cerca de 10 anos e possui 3.750 casas, construídas por 12 empresas com financiamento da Caixa Econômica Federal. Grande parte dos moradores são funcionários públicos e pequenos comerciantes.
Ainda lista dos bairros religiosos, há o São Cristóvão, que, por ser na saída da cidade, vive um intenso tráfego de caminhoneiros. Todos os anos é nessa comunidade que se organiza o tradicional festejo em homenagem ao padroeiro dos motoristas.
Edvânia Kátia
Da equipe de O IMPARCIAL
Um passeio pela história dos bairros de São Luís
A origem do nome dos bairros de São Luís tem inspirações diversas. Cada nome carrega consigo uma história própria deste povo que no exato ano de 2005 comemora os 373 anos da cidade. Houve a época dos conjuntos habitacionais financiados pelo extinto Banco Nacional de Habitação (BNH), os bairros que buscaram inspiração nos santos e os redutos culturais.
Data dos anos 70, o início das cooperativas habitacionais na cidade. Grupos de pessoas de uma determinada categoria profissional recebiam financiamento do governo federal, por meio do extinto BNH. Assim surgiram, Cohatrac, Cohaserma e Cohafuma. Os conjuntos residenciais da década de 70 ganhavam seus nomes inspirados em homenagens às categorias.
O Cohafuma, que poucos sabem, é o Conjunto Habitacional dos Professores da Universidade Federal do Maranhão e tem suas ruas batizadas em homenagem aos cursos superiores. As ruas homenageiam os cursos: rua da Filosofia, rua da Matemática, rua da Geografia e, como não poderia deixar de ser, a rua dos Professores. Hoje, o bairro repousa tranqüilamente às margens da avenida Jerônimo de Albuquerque, entre o Vinhais e o retorno do Calhau. O Cohaserma, por sua vez, veio do financiamento para a Cooperativa dos Servidores do Estado do Maranhão. Localizado entre o Parque Atenas e a Cohama.
De um financiamento voltado para servidores federais, surgiu o Ipase. O nome original é conjunto José Bonifácio de Andrade e Silva, tutor de Dom Pedro I, mas ganhou o nome de Ipase por causa do Instituto de Previdência e Assistência do Estado, órgão ligado ao governo federal. Como conta o professor Waldir Costa, morador há mais de 30 anos, que o conjunto surgiu a partir de uma construção do antigo INPC (Instituto Nacional da Previdência). "Nesse tempo a Previdência era administrada pelo INPS, Funrural e Ipase, este último atendia os servidores federais nos Estados. E o governo federal decidiu investir na construção de imóveis para os segurados do Ipase nos Estados. Assim, foram construídas casas em todo o Nordeste e o último Estado foi o Maranhão. As famílias não tiveram condições de ficar com as casas e a população se candidatou aos imóveis. Mas o nome ficou", relembra.
O Cohatrac I nasceu da Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores do Comércio. Na sequência vieram Cohatrac II, Cohatrac III, Cohatrac IV e Cohatrac V. "Depois do Cohatrac I, só o II foi feito a partir do sistema de cooperativa. A partir do Cohatrac III, a construtora (Estrela) assumiu a responsabilidade de construir imóveis e vender. Segundo os moradores, foi quando o conjunto deixou de ser um recanto dos comerciários e passou a ser um conjunto de comerciantes.
O governo estadual também foi responsável pelo crescimento fora do perímetro central da cidade. Construída pela antiga Cohab (Companhia Habitacional do Maranhão), o bairro de mesmo nome tem seus 35 anos de existência e abriga hoje algo em torno de 10 mil famílias. Hoje, é formado por quatro conjuntos, que os moradores identificam pela ordem de construção.
Os redutos culturais
Nos arredores do Centro de São Luís, um dos mais antigos é o Bairro de Fátima, que rende suas homenagens à Nossa Senhora de Fátima, a santa que dá nome à igreja da comunidade. O bairro surgiu na década de 40 resultado de ocupações dos antigos terrenos da Marinha, Exército e Caixa Econômica e cresceu em decorrência do aumento do êxodo rural e da expansão desordenada da cidade a partir da década de 50. Outra versão dá conta de que o nome Cavaco veio de uma árvore cortada logo na entrada do bairro. "Existia nas proximidades do Bom Milagre um pé de arvore cortado. Aí foi batizado de Cavaco. Quando o Cafeteira foi prefeito, o bairro foi invadido por máquinas e então foi construída a capela. Coincidiu com a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a São Luís, e o bairro e a capela foram batizados de Fátima", lembra Luís Carlos Guerreiro, cantor e compositor nascido e criado no bairro.
Mais adiante, o João Paulo, outro bairro que tem fortes traços culturais. Ficou conhecido pelo tradicional festejo de São Marçal, que acontece todos os anos no dia 30 de junho, com a reunião de todos os grupos de bumba-meu-boi da cidade. Contam os antigos que a primeira reunião dos brincantes aconteceu por volta de 1928. O bairro era um sítio de nome João Paulo e o proprietário era Simeão Costa. Mas a origem do nome vem da época em que um homem por nome João Paulo vendia cafezinho no Caminho Grande, depois avenida João Pessoa e que este ano ganhou o nome de São Marçal em homenagem ao santo. O bairro se orgulha do patrimônio cultural e ostenta o registro de histórico de ser sede da primeira escola de samba de São Luís, a Turma da Mangueira, mas também guarda em si uma grande vocação comercial. É um grande centro comercial, o segundo a surgir na capital. No João Paulo, a avenida João Pessoa traz uma infinidade de comércios, o colégio Batistas, um dos mais antigos de São Luís. Nas ruas paralelas, estabeleceu-se o comércio atacadista, especialmente na rua Riachuelo.
Bem próximo ao Centro está a Madre Deus, inicialmente batizada de Madre de Deus. A história do bairro ganhou um livro. Madre Deus de Festejos e Festanças, de autoria de Chagas Júnior. Segundo Chagas, os primeiros registros do bairro datam de 1713, quando um vilarejo foi formado em torno de um local conhecido como Ponta de Santo Amaro. No final do século XIX, devido à instalação das fábricas de tecidos, teve sua população multiplicada. Hoje é um dos grandes celeiros da cultura popular abrigar grupos de manifestações folclóricas e por ser palco das folias de Carnaval e São João. Segundo o livro, há o registro de 21 manifestações culturais do bairro.
Comunidades remanejadas
A Areinha contabiliza seus 33 anos de existência. Tudo começou na época da construção da Ponte Bandeira Tribuzzi nos idos de 1972. Os então moradores da Camboa foram remanejados para o loteamento da Areinha, da União de Moradores do Bairro da Areinha (UMBA) e então surgiu o bairro. Uma de suas principais avenidas - , que dá acesso à avenida dos Africanos é corredor diário de transporte, tendo ao longo de sua extensão comércios de todo o tipo. Nos últimos 20 anos, os três mil moradores passaram a conviver com ilustres vizinhos órgãos da Justiça Federal, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Tribunal de Contas da União, mas nem assim dificuldades estruturais foram superadas.
O Túnel do Sacavém apresenta a falta de saneamento básico como uma das maiores dores de cabeça de uma parcela notável de seus moradores. O bairro, localizado nas proximidades da Jordoa, do Filipinho e do Barreto, teve o seu nome originado com base na influência direta do túnel existente sob a avenida João Pessoa, por onde passava a antiga estrada de ferro.
Homenagens diversas
O nome da maior ocupação da América Latina tem sua história. A Cidade Olimpíca nasceu em 1994, na época da Olimpíadas, daí da homenagem. Desejava a comunidade mostrar que seria vitoriosa como atletas que disputaram as competições. Hoje, seus 65 mil habitantes ainda enfrentam problemas com infra-estrutura e não sabem qual será o futuro: se São Luís ou São José de Ribamar. A comunidade é uma das área da cidade que está no debate sobre os limites territoriais da Ilha de São Luís
A televisão não ficou de fora. A novela Redenção deu nome ao bairro que surgiu em 1965 a partir de uma ocupação erguida sobre uma sobra de terreno do conjunto residencial Filipinho. Quem conta a história é Martinho Marinho Costa. "Nós vivíamos os mesmos dramas enfocados na novela, daí optarmos em adotar o seu título para denominar o bairro", disse. Hoje a comunidade vive sob a ameaça do despejo. A área de 52.912,29m2 pertence ao INSS e pode ser vendida a qualquer momento. A decisão está nas mãos da Prefeitura de São Luís, que cobra os tributos aos moradores.
A tendência por nomes em homenagens a políticos é comum. A primeira governadora mulher do Estado ainda dá nome a Vila Roseana Sarney, em São Luís. Pequena, mas organizada, é um dos menores bairros de São Luís. Localizada entre a Rodoviária, a avenida dos Franceses e a Vila Lobão, são apenas cinco ruas, onde famílias moram desde maio de 1994.
A Vila Lobão, homenagem ao então senador Edson Lobão, está encravada entre os bairros de Santo Antônio e Anil, nas proximidades do Terminal Rodoviário e da vizinha Vila Roseana.
Há também a homenagem a outros países. Assim, temos a Alemanha, Coréia e Japão. No caso da Alemanha, até a divisão política do país que deu origem ao nome permaneceu, e, assim, há a Alemanha de cima, caracterizada pelo luxo dos seus casarões, e a de baixo, marcada pela pobreza.
E a mãe natureza também não foi esquecida. Dois bairros nascem a partir da sugestão da natureza. Assim, o Angelim, árvore frondosa de cheiro pouco agradável, dá nome ao bairro que nasce no coração de uma floresta, construído pela antiga Cohab. Em seus arredores está o Angelim Velho, bairro pacato que, apesar da proximidade de grandes centros, ainda conserva algumas características da fundação, há cerca de um século, como as casas com grandes terrenos e árvores frondosas, motivo de tranqüilidade para as duas mil famílias que moram no local.
Inspirações religiosas
Na época em que o papa João Paulo II veio a São Luís, em 1982, nasce o João de Deus. A idéia de dar à ocupação o nome do maior ícone religioso do mundo foi uma forma encontrada pelas famílias para dar legitimidade à ocupação. "A gente não tinha casa para morar. Então resolvemos nos reunir e erguer as nossas casas", diz Maria Lúcia Pereira Cantanhede, uma das fundadoras do bairro. Hoje, a área de 110 hectares onde foi erguida o bairro é alvo de uma pendenga judicial numa ação movida desde 1985 pelos herdeiros B. R e Artemizia Pinheiro. Eles culpam o município e o Estado de ter facilitado a invasão e querem uma indenização.
O Bom Jesus também seu nome inspirado na fé. São mais de 18 anos de existência. Hoje seus 30 mil habitantes esperam com fé por dias melhores. O bairro apesar dos anos de existência e do grande contingente populacional apresenta velhos problemas de segurança e falta de estrutura.
Esperançosos também vive os moradores da Divinéia, inspirada em divino. A antiga invasão, situada entre os bairros da Vila Luizão, Olho D'Água e Santa Rosa, foi fundada há aproximadamente 15 anos, e as famílias, em sua maioria de baixa renda, lutam por uma melhor qualidade de vida.
A fé que se renova todos os dias foi suficiente para o surgimento da Fé em Deus, bairro localizado entre a Liberdade e o Monte Castelo, e distante cerca de quatro quilômetros do Centro. Nem por isso as quatro mil famílias viram acontecer muitos dos milagres pedidos.
Padroeiro da paz, São Francisco acabou escolhido com santo protetor da comunidade de pescadores que deu origem ao bairro do São Francisco. A comunidade já existia antes da construção da ponte José Sarney, na década de 60. Mas somente em 1971, foi criada a paróquia de São Francisco de Assis. Desde então são realizadas, anualmente, homenagens para o santo.
Um dos maiores aglomerados é o São Raimundo. O conjunto residencial existe há cerca de 10 anos e possui 3.750 casas, construídas por 12 empresas com financiamento da Caixa Econômica Federal. Grande parte dos moradores são funcionários públicos e pequenos comerciantes.
Ainda lista dos bairros religiosos, há o São Cristóvão, que, por ser na saída da cidade, vive um intenso tráfego de caminhoneiros. Todos os anos é nessa comunidade que se organiza o tradicional festejo em homenagem ao padroeiro dos motoristas.
Edvânia Kátia
Da equipe de O IMPARCIAL
Carta Aberta pela criação do Memorial da Imprensa
Cerca de 300 anos separam a fundação das primeiras tipografias da chegada dos portugueses à colônia. Em 1808, junto à bagagem da Corte havia 2 prelos e 26 volumes de material tipográfico comprados na Inglaterra para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra Civil. Esse material gráfico foi utilizado na montagem da Impressão Régia, a primeira tipografia instalada no Brasil, onde foi impresso o jornal A Gazeta do Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi editado o jornal Correio Braziliense, em Londres, sob a direção de Hipólito da Costa.
Anos mais tarde, nasce a imprensa maranhense. O Conciliador foi o primeiro jornal do Maranhão, transformando São Luís na quarta capital do país a ter imprensa. Financiado pelo governador da Província, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o jornal foi fundado em meio à luta entre brasileiros e portugueses, divididos quanto à Independência do Brasil. Chegou às ruas em 15 de abril de 1821, no entanto, somente a data de 10 de novembro de 1821 é considerada o Dia da Imprensa Maranhense. Trata-se do primeiro número impresso, pois as edições anteriormente foram feitas a bico de pena (JORGE, 2000: 17). Com formato de papel almaço comum, O Conciliador foi jornal oficial e noticioso (SERRA, 2001: 23) e de linguagem agressiva e inconseqüente na defesa de seus interesses enquanto órgão áulico (JORGE, 1998: 17).
Os primeiros jornalistas da Província foram portugueses - Antônio Marques da Costa Soares e o padre José Antônio Ferreira Tezinho - o que reforça o poderio dos interesses lusos na condução deste primeiro momento da imprensa em São Luís. Eles foram autores de ataques desmedidos contra seus opositores em O Conciliador. Por isso Tezinho foi indiciado em processo por crime de imprensa (JORGE, 2000:18).
O Jornal O Conciliador deixou de circular em 16 de julho de 1823, após 210 números. Na mesma época, outros jornais se aventuraram na Província, em ebulição política, dirigida por liberais e conservadores. Entre eles, O Censor, do português João Antônio Garcia de Abranches, opositor do jornal O Argos da Lei, do maranhense Manoel Odorico Mendes, um dos mais importantes jornalistas da Província, ao lado de João Francisco Lisboa. Abranches e Odorico Mendes travaram duelos memoráveis na imprensa, nos quais pontuavam suas opiniões sobre os acontecimentos e o destino da Nação.
Na segunda metade do século XIX, a história do jornalismo no Maranhão conheceu grandes jornalistas. Na obra Sessenta Anos de Jornalismo – A Imprensa do Maranhão, Joaquim Serra cita vários deles (2001:77): João Lisboa, Francisco Sotero dos Reis, José Cândido de Moraes e Silva, Odorico Mendes, Gentil Braga, Marques Rodrigues e Celso Magalhães.
O rádio surge em 1863 quando, em Cambridge - Inglaterra, James Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas, mas é a partir de 1919, que começa a chamada "Era do rádio". No Brasil, a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co. No Maranhão, a rádio mais antiga é a Timbira, que completou este anos 64 anos de existência.
Vem o advento da televisão. A primeira transmissão oficial data de 18 de fevereiro de 1972. No Brasil, a pré-estréia ocorre a 3 de abril de 1950. No Maranhão, data de 29 de novembro de 1962 a criação da primeira Tv no Estado, oficialmente inaugurada em 09/11/1963. Tem como características o canal 4, a multiplicidade de programas produzidos na própria emissora, dessa forma, interagindo, naturalmente, com a comunidade, nasceu, então, a Tv Difusora.
Chegamos ao século XXI. A revolução tecnológica desafia a sobrevivência dos veículos impressos. O jornalismo on-line surge como uma nova vertente, embora ainda sejam tímidos os investimentos nessa mídia. Praticamente não há equipes especializadas de profissionais para a apuração de fatos voltados apenas para aquele veículo e o conteúdo das páginas on-line dos veículos de comunicação são reprodução do que é apurado pelas equipes dos veículos, vamos dizer assim, tradicionais.
Hoje, há seis jornais impressos circulando diariamente. O Imparcial, Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão, O Debate, Tribuna do Nordeste, Diário da Manhã e O Litoral. Sobre os três mais antigos, sabe-se que O IMPARCIAL colocou sua primeira edição na rua, no dia 1º de maio de 1926, sob o comando do jornalista João Ferreira Pires. Em 29 de maio de 1951, o Jornal Pequeno foi lançado pelo jornalista José de Ribamar Bogéa, num momento em que todos os órgãos de imprensa do Estado, de uma forma ou de outra, achavam-se vinculados a grupos ou partidos políticos. Fundado por José Sarney e Bandeira Tribuzzi, nasceu há 42 anos o Jornal O Estado do Maranhão. São quatro emissoras de rádio AM: Timbira, Educadora, Mirante, Capital e Difusora. Na faixa FM estão Universidade FM, Difusora, Cidade, Jovem Pan, Mais FM, Esperança e Mirante. Há ainda as Televisões TV Mirante, Tv Difusora, TVE e TV Cidade. Cada um com sua história, sua trajetória, bem como os profissionais que neles atuam.
Estamos, portanto, às vésperas, das comemorações do bicentenário da imprensa brasileira, e pesquisadores, professores, profissionais lançaram, no dia 5 de abril de 2001, na cidade do Rio de Janeiro, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, o desafio de contar esses 200 anos da história da imprensa e da história do país.
Assim surgiu a Rede Alfredo de Carvalho. O nome é uma homenagem ao historiador pernambucano Alfredo de Carvalho. No início do século XX, sob os auspícios do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele realizou a primeira pesquisa integrada sobre a imprensa brasileira. Constituiu-se, na verdade, em artífice do inventário documental que preparou o terreno para a aventura historiográfica reservada aos jovens pesquisadores da mídia impressa. Presidida pelo professor-doutor José Marques de Melo, da Cátedra da Unesco, a Rede é a maior referência em pesquisa sobre a história das mídias.
No Maranhão, a idéia ganha impulso, a partir de 20 de agosto de 2003, quando foi instalado o Núcleo Memória da Imprensa no Maranhão, que integra a Associação Maranhense de Imprensa. Começa a ser desenhada, a partir de então, com a contribuição de pesquisadores, profissionais, professores e estudantes da área de comunicação, a proposta que resultará no projeto Imprensa 200 anos – Memória Maranhão, integrando-se ao projeto global da Rede Alfredo de Carvalho, que comemora o bicentenário da imprensa no Brasil, programado para 2008.
Compartilhando do sonho daqueles que iniciaram a Rede Alfredo de Carvalho, a Associação Maranhense de Imprensa (AMI), enquanto instituição que tem caráter associativo e mobilizador, lança aos pesquisadores, professores, profissionais, estudantes, organismos governamentais, instituições não-governamentais, empresas e à sociedade o desafio de preservar a história da imprensa no Maranhão e apresenta a proposta da criação da Rede Memória da Imprensa Maranhense, articulação constituída por todos que também desejarem escrever uma nova página da história da imprensa maranhense, e convida todos a, integrarem a Rede, seja como personalidades físicas ou personalidades jurídicas, de forma a concretizar as ações do projeto Imprensa 200 Anos – Memória Maranhão, um conjunto de iniciativas que resultarão no maior acervo documental dos bens materiais e imateriais da imprensa maranhense, resultado de um esforço coletivo com vistas à criação do Memorial da Imprensa no Maranhão.
Faz-se urgente e necessário o compromisso do governador, do prefeito de São Luís, dos representantes dos organismos públicos, reitores das universidades, empresas, dos veículos de comunicação e das entidades representantivas dos profissionais, no sentido de somar esforços para que a cidade de São Luís, agraciada com o título de patrimônio da Humanidade pela Unesco, ganhe de presente o Memorial da Imprensa. Confunde-se a história da cidade com a própria história da imprensa. São as páginas de jornais, as fitas gravadas do rádio e da televisão, que servem de fonte de pesquisa para que a sociedade possa compreender o contexto sócio, político, econômico e cultural de uma determinada época. Entretanto, a falta de um espaço adequado, capaz de disponibilizar, de forma sistemática, o conjunto de bens materiais e imateriais da imprensa, acaba por deixar uma lacuna para esta cidade e para este povo, bem como deixa de registrar, com o devido reconhecimento e merecimento, o nome de jornalistas ilustres que tanto representam para a história do Maranhão pela sua contribuição intelectual ao nosso país. Somos berço de grandes poetas e jornalistas e a eles devemos o nosso reconhecimento.
Entende a Associação que a imprensa maranhense carece de iniciativas que visem preservar sua memória, articulando-a ao processo histórico e aos desafios do fazer jornalístico. O jornalista, enquanto sujeito de sua história, participa ativamente dos fatos que decidem o destino das sociedades. Por isso, entender a sua trajetória, as dificuldades enfrentadas e o papel desempenhado ao longo do processo de produção jornalística, nos ajudam a entender o perfil atual da imprensa local.
Contar a história da imprensa é contar a história da sociedade.
O desafio está lançado.
(*) Este texto tem fragmentos do trabalho de pesquisa sobre a Memória da Imprensa no Maranhão, da jornalista Roseane Pinheiro.
26 de Agosto de 2004
Anos mais tarde, nasce a imprensa maranhense. O Conciliador foi o primeiro jornal do Maranhão, transformando São Luís na quarta capital do país a ter imprensa. Financiado pelo governador da Província, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o jornal foi fundado em meio à luta entre brasileiros e portugueses, divididos quanto à Independência do Brasil. Chegou às ruas em 15 de abril de 1821, no entanto, somente a data de 10 de novembro de 1821 é considerada o Dia da Imprensa Maranhense. Trata-se do primeiro número impresso, pois as edições anteriormente foram feitas a bico de pena (JORGE, 2000: 17). Com formato de papel almaço comum, O Conciliador foi jornal oficial e noticioso (SERRA, 2001: 23) e de linguagem agressiva e inconseqüente na defesa de seus interesses enquanto órgão áulico (JORGE, 1998: 17).
Os primeiros jornalistas da Província foram portugueses - Antônio Marques da Costa Soares e o padre José Antônio Ferreira Tezinho - o que reforça o poderio dos interesses lusos na condução deste primeiro momento da imprensa em São Luís. Eles foram autores de ataques desmedidos contra seus opositores em O Conciliador. Por isso Tezinho foi indiciado em processo por crime de imprensa (JORGE, 2000:18).
O Jornal O Conciliador deixou de circular em 16 de julho de 1823, após 210 números. Na mesma época, outros jornais se aventuraram na Província, em ebulição política, dirigida por liberais e conservadores. Entre eles, O Censor, do português João Antônio Garcia de Abranches, opositor do jornal O Argos da Lei, do maranhense Manoel Odorico Mendes, um dos mais importantes jornalistas da Província, ao lado de João Francisco Lisboa. Abranches e Odorico Mendes travaram duelos memoráveis na imprensa, nos quais pontuavam suas opiniões sobre os acontecimentos e o destino da Nação.
Na segunda metade do século XIX, a história do jornalismo no Maranhão conheceu grandes jornalistas. Na obra Sessenta Anos de Jornalismo – A Imprensa do Maranhão, Joaquim Serra cita vários deles (2001:77): João Lisboa, Francisco Sotero dos Reis, José Cândido de Moraes e Silva, Odorico Mendes, Gentil Braga, Marques Rodrigues e Celso Magalhães.
O rádio surge em 1863 quando, em Cambridge - Inglaterra, James Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas, mas é a partir de 1919, que começa a chamada "Era do rádio". No Brasil, a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co. No Maranhão, a rádio mais antiga é a Timbira, que completou este anos 64 anos de existência.
Vem o advento da televisão. A primeira transmissão oficial data de 18 de fevereiro de 1972. No Brasil, a pré-estréia ocorre a 3 de abril de 1950. No Maranhão, data de 29 de novembro de 1962 a criação da primeira Tv no Estado, oficialmente inaugurada em 09/11/1963. Tem como características o canal 4, a multiplicidade de programas produzidos na própria emissora, dessa forma, interagindo, naturalmente, com a comunidade, nasceu, então, a Tv Difusora.
Chegamos ao século XXI. A revolução tecnológica desafia a sobrevivência dos veículos impressos. O jornalismo on-line surge como uma nova vertente, embora ainda sejam tímidos os investimentos nessa mídia. Praticamente não há equipes especializadas de profissionais para a apuração de fatos voltados apenas para aquele veículo e o conteúdo das páginas on-line dos veículos de comunicação são reprodução do que é apurado pelas equipes dos veículos, vamos dizer assim, tradicionais.
Hoje, há seis jornais impressos circulando diariamente. O Imparcial, Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão, O Debate, Tribuna do Nordeste, Diário da Manhã e O Litoral. Sobre os três mais antigos, sabe-se que O IMPARCIAL colocou sua primeira edição na rua, no dia 1º de maio de 1926, sob o comando do jornalista João Ferreira Pires. Em 29 de maio de 1951, o Jornal Pequeno foi lançado pelo jornalista José de Ribamar Bogéa, num momento em que todos os órgãos de imprensa do Estado, de uma forma ou de outra, achavam-se vinculados a grupos ou partidos políticos. Fundado por José Sarney e Bandeira Tribuzzi, nasceu há 42 anos o Jornal O Estado do Maranhão. São quatro emissoras de rádio AM: Timbira, Educadora, Mirante, Capital e Difusora. Na faixa FM estão Universidade FM, Difusora, Cidade, Jovem Pan, Mais FM, Esperança e Mirante. Há ainda as Televisões TV Mirante, Tv Difusora, TVE e TV Cidade. Cada um com sua história, sua trajetória, bem como os profissionais que neles atuam.
Estamos, portanto, às vésperas, das comemorações do bicentenário da imprensa brasileira, e pesquisadores, professores, profissionais lançaram, no dia 5 de abril de 2001, na cidade do Rio de Janeiro, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, o desafio de contar esses 200 anos da história da imprensa e da história do país.
Assim surgiu a Rede Alfredo de Carvalho. O nome é uma homenagem ao historiador pernambucano Alfredo de Carvalho. No início do século XX, sob os auspícios do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele realizou a primeira pesquisa integrada sobre a imprensa brasileira. Constituiu-se, na verdade, em artífice do inventário documental que preparou o terreno para a aventura historiográfica reservada aos jovens pesquisadores da mídia impressa. Presidida pelo professor-doutor José Marques de Melo, da Cátedra da Unesco, a Rede é a maior referência em pesquisa sobre a história das mídias.
No Maranhão, a idéia ganha impulso, a partir de 20 de agosto de 2003, quando foi instalado o Núcleo Memória da Imprensa no Maranhão, que integra a Associação Maranhense de Imprensa. Começa a ser desenhada, a partir de então, com a contribuição de pesquisadores, profissionais, professores e estudantes da área de comunicação, a proposta que resultará no projeto Imprensa 200 anos – Memória Maranhão, integrando-se ao projeto global da Rede Alfredo de Carvalho, que comemora o bicentenário da imprensa no Brasil, programado para 2008.
Compartilhando do sonho daqueles que iniciaram a Rede Alfredo de Carvalho, a Associação Maranhense de Imprensa (AMI), enquanto instituição que tem caráter associativo e mobilizador, lança aos pesquisadores, professores, profissionais, estudantes, organismos governamentais, instituições não-governamentais, empresas e à sociedade o desafio de preservar a história da imprensa no Maranhão e apresenta a proposta da criação da Rede Memória da Imprensa Maranhense, articulação constituída por todos que também desejarem escrever uma nova página da história da imprensa maranhense, e convida todos a, integrarem a Rede, seja como personalidades físicas ou personalidades jurídicas, de forma a concretizar as ações do projeto Imprensa 200 Anos – Memória Maranhão, um conjunto de iniciativas que resultarão no maior acervo documental dos bens materiais e imateriais da imprensa maranhense, resultado de um esforço coletivo com vistas à criação do Memorial da Imprensa no Maranhão.
Faz-se urgente e necessário o compromisso do governador, do prefeito de São Luís, dos representantes dos organismos públicos, reitores das universidades, empresas, dos veículos de comunicação e das entidades representantivas dos profissionais, no sentido de somar esforços para que a cidade de São Luís, agraciada com o título de patrimônio da Humanidade pela Unesco, ganhe de presente o Memorial da Imprensa. Confunde-se a história da cidade com a própria história da imprensa. São as páginas de jornais, as fitas gravadas do rádio e da televisão, que servem de fonte de pesquisa para que a sociedade possa compreender o contexto sócio, político, econômico e cultural de uma determinada época. Entretanto, a falta de um espaço adequado, capaz de disponibilizar, de forma sistemática, o conjunto de bens materiais e imateriais da imprensa, acaba por deixar uma lacuna para esta cidade e para este povo, bem como deixa de registrar, com o devido reconhecimento e merecimento, o nome de jornalistas ilustres que tanto representam para a história do Maranhão pela sua contribuição intelectual ao nosso país. Somos berço de grandes poetas e jornalistas e a eles devemos o nosso reconhecimento.
Entende a Associação que a imprensa maranhense carece de iniciativas que visem preservar sua memória, articulando-a ao processo histórico e aos desafios do fazer jornalístico. O jornalista, enquanto sujeito de sua história, participa ativamente dos fatos que decidem o destino das sociedades. Por isso, entender a sua trajetória, as dificuldades enfrentadas e o papel desempenhado ao longo do processo de produção jornalística, nos ajudam a entender o perfil atual da imprensa local.
Contar a história da imprensa é contar a história da sociedade.
O desafio está lançado.
(*) Este texto tem fragmentos do trabalho de pesquisa sobre a Memória da Imprensa no Maranhão, da jornalista Roseane Pinheiro.
26 de Agosto de 2004
Da pauta à manchete
Essa matéria convida você leitor a uma viagem pela produção diária da notícia. Poucos conhecem a rotina de uma redação e muitos se perguntam como isso acontece. Em algumas linhas, vamos procurar explicar um pouco de tudo
Para quem nunca ouviu falar em pauta, olho, legenda, sutiã, retranca, manchete é difícil entender como funciona uma máquina de fazer notícia. Quem está na Redação vê tudo com simplicidade e os termos complexos começam a fazer parte de um vocabulário muito particular. Mas, se você leitor, quer saber como funciona esse mundo de notícias, acompanhe como se faz a produção diária de O IMPARCIAL e conheça um pouco mais sobre os profissionais envolvidos em cada notícia nesta edição especial.
Tudo começa pela pauta. Quem é jornalista conhece bem o exemplo que diz: "quando um cachorro morde a perna de um homem, isso nem sempre é notícia, mas se o homem morder a perna de um cachorro, isso é notícia".
Aquele jornalista responsável por distribuir as pautas é o pauteiro, bem definido pelo jornalista Ricardo Noblat, como uma espécie de ser extra-terrestre que perde o contato com o mundo lá fora para funcionar como uma espécie de burocrata da Redação. Em O IMPARCIAL, a equipe superou esse modelo e o extra-terrestre foi eliminado. "Hoje trabalhamos com coordenadorias e sub-coordenadorias, onde o planejamento das pautas é conjunto com os repórteres", explica o sub-coordenador Samartony Martins, ex-pauteiro.
O resultado da publicação é avalidado todos os dias. A reunião pela manhã é sagrada. "Comparamos o enfoque, os textos e as fotografias em relação às outras coberturas, mas nos preocupamos muito com o que estamos fazendo. Queremos melhorar mais ", acentua Samartony.
O trabalho precisa de um ritual. "Quando chegamos pela manhã, procuramos ler todos os jornais, para acompanhar a nossa produção e a dos concorrentes. E nunca nos limitamos à área que fazemos a cobertura. Buscamos uma visão global dos assuntos", avalia o repórter Robson Paz, responsável pela série de reportagens sobre a bebê Grace Ellen, queimada em uma maternidade no ano passado. A denúncia foi tão forte que ganhou destaque nacional.
O ponteiro começa a chegar às nove horas. É hora de começar a correr contra o tempo. Cada um com sua pauta, parte para a apuração. Robson Paz, Glaucio Ericeira, Janine Cidreira, Edvânia Kátia, Lucimar Rodrigues, Douglas Cunha, Selma Rosa, César Scanssette, e os setoristas Gisélia Castro, Silvan Alves, Marcelo Sirkis. No trabalho de campo (reportagem), o jornalista precisa saber da responsabilidade que carrega. "Nem sempre o que está na pauta é o que o jornalista vai encontrar na rua. A realidade é bem mais gritante do que aquilo que se imaginava. Quando alguém faz uma denúncia ou quando a gente escuta alguém se indignando, a gente não tem a dimensão do problema até se deparar com a gravidade da doença, da dor de uma família vítima da violência, da desonestidade, ou da mesquinhez das pessoas que desviam dinheiro público. É uma responsabilidade muito grande ser o porta-voz dessa indignação", sabe Janine Cidreira, que para fazer uma denúncia sobre as condições dos hospitais públicos se fez passar por uma estudante de Medicina, para ter acesso às áreas restritas do hospital.
Nas editorias setorizadas de Política, Esporte e Polícia, mais desafios.
A sub-coordenadora Andrea Viana, da área de Política, sabe que trabalha num campo minado. Na dobradinha com Gisélia Castro e Marcelo Sirkis, procura unir imparcialidade com furos de reportagem. "Qualquer editoria de política é um campo minado, mas O IMPARCIAL tem conseguido apurar bem, ouvindo sempre todos os lados envolvidos no fato, fugindo da notícia tendenciosa", ressalta. O colega Sirkis destaca que principalmente nesse eleitoral o repórter da área de política tem que redobrar os cuidados com o que vai escrever porque há matérias plantadas (implantadas), boatos e por isso todo a atenção para checar a informação. "A linha editorial do jornal favorece a liberdade profissional", afirma.
Em Polícia, novos talentos juntos aos veteranos. Silvan Alves conseguiu ao longo dos anos uma agenda de causar inveja. "Quem tem fonte tem tudo", setencia. Ele trabalha em dobradinha com os repórteres do caderno Grande São Luís. O desafio da editoria é superar a notícia policialesca e O IMPARCIAL vai formando escola. "Você pode fazer jornalismo policial sem se limitar ao boletim de ocorrência das delegacias e às fontes oficiais. O boletim é uma indicação, que deve ser investigada", defende o jornalista Glaucio Ericeira, autor de uma série de matéria sobre os emasculados.
No Esporte, a cobertura o desafio, um pouco mais acentuado que nas outras editorias, é acertar no detalhe que vai dar o diferencial em relação ao que foi divulgado pela televisão, pelo rádio ou pelos sites da Internet. "Você não pode imaginar que todas as pessoas que lêem jornal, ouviram o rádio, acessaram o site ou assistiram ao noticiário da tv. O fato tem que ser relatado, mas o que o jornalismo impresso tem o cuidado de fazer é informar além do resultado de uma partida os detalhes que cercaram aquela decisão, os bastidores do que acontece nos treinos. Esse é o diferencial", pondera Neres Pinto, o segundo jornalista mais antigo da Redação. Em sua equipe jovens talentos. Matos Batista e Lenon Carvalho
Material apurado, é o momento de seduzir o leitor.
Reunir em duas ou três palavras o que o repórter disse em mais de 30 linhas, escolher a foto certa e ter uma boa informação sobre ela, na legenda. Para o coordenador Ribamar Praseres, responsáveis pela editorias de Grande São Luís, Consumidor e Polícia, é preciso mais que a técnica. Ele costuma fugir à regra da factualidade e prefere levar em consideração o grau de importância do fato e o número de pessoas envolvidas ou que se interessam pelo assunto. "Procuramos nos preocupar com a sedução do leitor. Procuramos casar elementos gráficos, com a boa informação e nós, que somos responsáveis pelo fechamento, ficamos atentos a todos os detalhes, aquele detalhe que vai fazer com que o leitor não mude de página ". Ele aplica bem a regra aos seus textos. Na matéria de sua autoria Palácios entre Ruínas, publicada em janeiro de 2001 por O IMPARCIAL e o Correio Braziliense, ele denunciou o abandono dos prédios particulares no meio da restauração de prédios públicos.
No final do dia, chega o momento da decisão. Saber o que será ou não publicado caberá ao editor responsável pela página. Todos os responsáveis pelo fechamento vivem esse dilema diário, mas nenhum deles sofre mais que Francisco Júnior, responsável pelo fechamementos da Últimas, que como o próprio nome diz, é a última página que fecha no jornal. "Procuramos trabalhar com o critério da factualidade e também da atualidade do fato. Nesta página priorizamos as notícias que chegam à Redação depois das oito hroas da noite para que no dia seguinte o leitor tenha a versão mais recente do fato, duelando contra os ponteiros do relógio", confessa.
De todos o momento um dos mais difíceis é escolher a manchete. Acertar todos os dias com o tema que vai vender o jornal é um desafio, acredita o responsável pelo fechamento, Marco Aurélio Oliveira, que é o coordenador do Primeiro Caderno. "Acompanho tudo o que acontece durante todo o dia, para na reunião da noite (capa) saber quais os assuntos mais importantes. Não existe a fórmula pronta para uma grande manchete. O qe é bom é surpreender o leitor e estar preparado para as cr'tícas porque quando se faz o diferente, foge do padrão, pode se agradar ou desagradar", destaca.
A criação fica por conta do design gráfico e diretor de Tecnologia, Célio Sérgio. Os dois juntos casam texto e imagens, para, como define Célio, conquistar o leitor. "Surpreender o leitor. Esse é o lema. Atualmente o jornal faz isso na capa e agora com o novo projeto gráfico faremos isso nas páginas internas", explica. No novo projeto "vamos primar pela mesma coerência formal, para dar hegemonia ao projeto, abusando da criatividade e dos recursos gráficos", promete.
A dupla deixou na história de O IMPARCIAL algumas capas memoráveis. Quem não se lembra da capa Você já viu esse filme antes, sobre as chuvas. Ou então, O sonho acabou, quando o jornal antecipou a saída da governadora Roseana Sarney da sucessão presidencial. Os donos do milhão, a infografia do rateio do dinheiro da Lunus. Ou as cruzes que simbolizaram a morte dos meninos emasculados.. Entre os menos favoritos o placar da Polícia 5 X 12 Bandido, que contabiliza as fugas e a captura de presos. Houve quem tivesse achado que foi o resultado de uma partida de futebol.
Toda a redação trabalha com o apoio da equipe da Editoração. São eles que dão forma às ideáis dos editores. Ana Cristina, José Henrique (o Xaxado), Silva Regina, Pablo Lins, Izaac Cutrim, Selma Ferreira, Elizafan. Silvia resume o pensamento da equipe. "O visual é um elemento que deve complementar a leitura. Tento todos os dias fugir da rotina. Tentamos ser criativos para causar impacto no leitor e para que ele tenha uma leitura facilitada", diz.
Assuntos não faltam para a cobertura diária. "Nós, jornalistas, somos treinados com o tempo a usar todos os nossos sentidos. Aprendemos a ver mais longe, escutar mais. As idéias vão surgindo escutando o rádio, vendo a Internet, contactando com as fontes organizadas, mantendo contato com a comunidade ou observando, só observando o que acontece em volta. O mais importante de tudo é que o nosso trabalho deve estar voltado para aquelas pessoas que não sabem o que é pauta, não imaginam o que seja um release, mas sempre têm uma boa história para contar ou estão dispostos a ouvir, ou melhor, ler", convida a jornalista Edvânia Kátia, autora desta matéria feita especialmente para você, leitor.
Texto publicado em O IMPARCIAL, produzido em novembro de 2005.
Para quem nunca ouviu falar em pauta, olho, legenda, sutiã, retranca, manchete é difícil entender como funciona uma máquina de fazer notícia. Quem está na Redação vê tudo com simplicidade e os termos complexos começam a fazer parte de um vocabulário muito particular. Mas, se você leitor, quer saber como funciona esse mundo de notícias, acompanhe como se faz a produção diária de O IMPARCIAL e conheça um pouco mais sobre os profissionais envolvidos em cada notícia nesta edição especial.
Tudo começa pela pauta. Quem é jornalista conhece bem o exemplo que diz: "quando um cachorro morde a perna de um homem, isso nem sempre é notícia, mas se o homem morder a perna de um cachorro, isso é notícia".
Aquele jornalista responsável por distribuir as pautas é o pauteiro, bem definido pelo jornalista Ricardo Noblat, como uma espécie de ser extra-terrestre que perde o contato com o mundo lá fora para funcionar como uma espécie de burocrata da Redação. Em O IMPARCIAL, a equipe superou esse modelo e o extra-terrestre foi eliminado. "Hoje trabalhamos com coordenadorias e sub-coordenadorias, onde o planejamento das pautas é conjunto com os repórteres", explica o sub-coordenador Samartony Martins, ex-pauteiro.
O resultado da publicação é avalidado todos os dias. A reunião pela manhã é sagrada. "Comparamos o enfoque, os textos e as fotografias em relação às outras coberturas, mas nos preocupamos muito com o que estamos fazendo. Queremos melhorar mais ", acentua Samartony.
O trabalho precisa de um ritual. "Quando chegamos pela manhã, procuramos ler todos os jornais, para acompanhar a nossa produção e a dos concorrentes. E nunca nos limitamos à área que fazemos a cobertura. Buscamos uma visão global dos assuntos", avalia o repórter Robson Paz, responsável pela série de reportagens sobre a bebê Grace Ellen, queimada em uma maternidade no ano passado. A denúncia foi tão forte que ganhou destaque nacional.
O ponteiro começa a chegar às nove horas. É hora de começar a correr contra o tempo. Cada um com sua pauta, parte para a apuração. Robson Paz, Glaucio Ericeira, Janine Cidreira, Edvânia Kátia, Lucimar Rodrigues, Douglas Cunha, Selma Rosa, César Scanssette, e os setoristas Gisélia Castro, Silvan Alves, Marcelo Sirkis. No trabalho de campo (reportagem), o jornalista precisa saber da responsabilidade que carrega. "Nem sempre o que está na pauta é o que o jornalista vai encontrar na rua. A realidade é bem mais gritante do que aquilo que se imaginava. Quando alguém faz uma denúncia ou quando a gente escuta alguém se indignando, a gente não tem a dimensão do problema até se deparar com a gravidade da doença, da dor de uma família vítima da violência, da desonestidade, ou da mesquinhez das pessoas que desviam dinheiro público. É uma responsabilidade muito grande ser o porta-voz dessa indignação", sabe Janine Cidreira, que para fazer uma denúncia sobre as condições dos hospitais públicos se fez passar por uma estudante de Medicina, para ter acesso às áreas restritas do hospital.
Nas editorias setorizadas de Política, Esporte e Polícia, mais desafios.
A sub-coordenadora Andrea Viana, da área de Política, sabe que trabalha num campo minado. Na dobradinha com Gisélia Castro e Marcelo Sirkis, procura unir imparcialidade com furos de reportagem. "Qualquer editoria de política é um campo minado, mas O IMPARCIAL tem conseguido apurar bem, ouvindo sempre todos os lados envolvidos no fato, fugindo da notícia tendenciosa", ressalta. O colega Sirkis destaca que principalmente nesse eleitoral o repórter da área de política tem que redobrar os cuidados com o que vai escrever porque há matérias plantadas (implantadas), boatos e por isso todo a atenção para checar a informação. "A linha editorial do jornal favorece a liberdade profissional", afirma.
Em Polícia, novos talentos juntos aos veteranos. Silvan Alves conseguiu ao longo dos anos uma agenda de causar inveja. "Quem tem fonte tem tudo", setencia. Ele trabalha em dobradinha com os repórteres do caderno Grande São Luís. O desafio da editoria é superar a notícia policialesca e O IMPARCIAL vai formando escola. "Você pode fazer jornalismo policial sem se limitar ao boletim de ocorrência das delegacias e às fontes oficiais. O boletim é uma indicação, que deve ser investigada", defende o jornalista Glaucio Ericeira, autor de uma série de matéria sobre os emasculados.
No Esporte, a cobertura o desafio, um pouco mais acentuado que nas outras editorias, é acertar no detalhe que vai dar o diferencial em relação ao que foi divulgado pela televisão, pelo rádio ou pelos sites da Internet. "Você não pode imaginar que todas as pessoas que lêem jornal, ouviram o rádio, acessaram o site ou assistiram ao noticiário da tv. O fato tem que ser relatado, mas o que o jornalismo impresso tem o cuidado de fazer é informar além do resultado de uma partida os detalhes que cercaram aquela decisão, os bastidores do que acontece nos treinos. Esse é o diferencial", pondera Neres Pinto, o segundo jornalista mais antigo da Redação. Em sua equipe jovens talentos. Matos Batista e Lenon Carvalho
Material apurado, é o momento de seduzir o leitor.
Reunir em duas ou três palavras o que o repórter disse em mais de 30 linhas, escolher a foto certa e ter uma boa informação sobre ela, na legenda. Para o coordenador Ribamar Praseres, responsáveis pela editorias de Grande São Luís, Consumidor e Polícia, é preciso mais que a técnica. Ele costuma fugir à regra da factualidade e prefere levar em consideração o grau de importância do fato e o número de pessoas envolvidas ou que se interessam pelo assunto. "Procuramos nos preocupar com a sedução do leitor. Procuramos casar elementos gráficos, com a boa informação e nós, que somos responsáveis pelo fechamento, ficamos atentos a todos os detalhes, aquele detalhe que vai fazer com que o leitor não mude de página ". Ele aplica bem a regra aos seus textos. Na matéria de sua autoria Palácios entre Ruínas, publicada em janeiro de 2001 por O IMPARCIAL e o Correio Braziliense, ele denunciou o abandono dos prédios particulares no meio da restauração de prédios públicos.
No final do dia, chega o momento da decisão. Saber o que será ou não publicado caberá ao editor responsável pela página. Todos os responsáveis pelo fechamento vivem esse dilema diário, mas nenhum deles sofre mais que Francisco Júnior, responsável pelo fechamementos da Últimas, que como o próprio nome diz, é a última página que fecha no jornal. "Procuramos trabalhar com o critério da factualidade e também da atualidade do fato. Nesta página priorizamos as notícias que chegam à Redação depois das oito hroas da noite para que no dia seguinte o leitor tenha a versão mais recente do fato, duelando contra os ponteiros do relógio", confessa.
De todos o momento um dos mais difíceis é escolher a manchete. Acertar todos os dias com o tema que vai vender o jornal é um desafio, acredita o responsável pelo fechamento, Marco Aurélio Oliveira, que é o coordenador do Primeiro Caderno. "Acompanho tudo o que acontece durante todo o dia, para na reunião da noite (capa) saber quais os assuntos mais importantes. Não existe a fórmula pronta para uma grande manchete. O qe é bom é surpreender o leitor e estar preparado para as cr'tícas porque quando se faz o diferente, foge do padrão, pode se agradar ou desagradar", destaca.
A criação fica por conta do design gráfico e diretor de Tecnologia, Célio Sérgio. Os dois juntos casam texto e imagens, para, como define Célio, conquistar o leitor. "Surpreender o leitor. Esse é o lema. Atualmente o jornal faz isso na capa e agora com o novo projeto gráfico faremos isso nas páginas internas", explica. No novo projeto "vamos primar pela mesma coerência formal, para dar hegemonia ao projeto, abusando da criatividade e dos recursos gráficos", promete.
A dupla deixou na história de O IMPARCIAL algumas capas memoráveis. Quem não se lembra da capa Você já viu esse filme antes, sobre as chuvas. Ou então, O sonho acabou, quando o jornal antecipou a saída da governadora Roseana Sarney da sucessão presidencial. Os donos do milhão, a infografia do rateio do dinheiro da Lunus. Ou as cruzes que simbolizaram a morte dos meninos emasculados.. Entre os menos favoritos o placar da Polícia 5 X 12 Bandido, que contabiliza as fugas e a captura de presos. Houve quem tivesse achado que foi o resultado de uma partida de futebol.
Toda a redação trabalha com o apoio da equipe da Editoração. São eles que dão forma às ideáis dos editores. Ana Cristina, José Henrique (o Xaxado), Silva Regina, Pablo Lins, Izaac Cutrim, Selma Ferreira, Elizafan. Silvia resume o pensamento da equipe. "O visual é um elemento que deve complementar a leitura. Tento todos os dias fugir da rotina. Tentamos ser criativos para causar impacto no leitor e para que ele tenha uma leitura facilitada", diz.
Assuntos não faltam para a cobertura diária. "Nós, jornalistas, somos treinados com o tempo a usar todos os nossos sentidos. Aprendemos a ver mais longe, escutar mais. As idéias vão surgindo escutando o rádio, vendo a Internet, contactando com as fontes organizadas, mantendo contato com a comunidade ou observando, só observando o que acontece em volta. O mais importante de tudo é que o nosso trabalho deve estar voltado para aquelas pessoas que não sabem o que é pauta, não imaginam o que seja um release, mas sempre têm uma boa história para contar ou estão dispostos a ouvir, ou melhor, ler", convida a jornalista Edvânia Kátia, autora desta matéria feita especialmente para você, leitor.
Texto publicado em O IMPARCIAL, produzido em novembro de 2005.
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