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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Carta Aberta pela criação do Memorial da Imprensa

Cerca de 300 anos separam a fundação das primeiras tipografias da chegada dos portugueses à colônia. Em 1808, junto à bagagem da Corte havia 2 prelos e 26 volumes de material tipográfico comprados na Inglaterra para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra Civil. Esse material gráfico foi utilizado na montagem da Impressão Régia, a primeira tipografia instalada no Brasil, onde foi impresso o jornal A Gazeta do Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi editado o jornal Correio Braziliense, em Londres, sob a direção de Hipólito da Costa.

Anos mais tarde, nasce a imprensa maranhense. O Conciliador foi o primeiro jornal do Maranhão, transformando São Luís na quarta capital do país a ter imprensa. Financiado pelo governador da Província, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, o jornal foi fundado em meio à luta entre brasileiros e portugueses, divididos quanto à Independência do Brasil. Chegou às ruas em 15 de abril de 1821, no entanto, somente a data de 10 de novembro de 1821 é considerada o Dia da Imprensa Maranhense. Trata-se do primeiro número impresso, pois as edições anteriormente foram feitas a bico de pena (JORGE, 2000: 17). Com formato de papel almaço comum, O Conciliador foi jornal oficial e noticioso (SERRA, 2001: 23) e de linguagem agressiva e inconseqüente na defesa de seus interesses enquanto órgão áulico (JORGE, 1998: 17).


Os primeiros jornalistas da Província foram portugueses - Antônio Marques da Costa Soares e o padre José Antônio Ferreira Tezinho - o que reforça o poderio dos interesses lusos na condução deste primeiro momento da imprensa em São Luís. Eles foram autores de ataques desmedidos contra seus opositores em O Conciliador. Por isso Tezinho foi indiciado em processo por crime de imprensa (JORGE, 2000:18).


O Jornal O Conciliador deixou de circular em 16 de julho de 1823, após 210 números. Na mesma época, outros jornais se aventuraram na Província, em ebulição política, dirigida por liberais e conservadores. Entre eles, O Censor, do português João Antônio Garcia de Abranches, opositor do jornal O Argos da Lei, do maranhense Manoel Odorico Mendes, um dos mais importantes jornalistas da Província, ao lado de João Francisco Lisboa. Abranches e Odorico Mendes travaram duelos memoráveis na imprensa, nos quais pontuavam suas opiniões sobre os acontecimentos e o destino da Nação.

Na segunda metade do século XIX, a história do jornalismo no Maranhão conheceu grandes jornalistas. Na obra Sessenta Anos de Jornalismo – A Imprensa do Maranhão, Joaquim Serra cita vários deles (2001:77): João Lisboa, Francisco Sotero dos Reis, José Cândido de Moraes e Silva, Odorico Mendes, Gentil Braga, Marques Rodrigues e Celso Magalhães.


O rádio surge em 1863 quando, em Cambridge - Inglaterra, James Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas eletromagnéticas, mas é a partir de 1919, que começa a chamada "Era do rádio". No Brasil, a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co. No Maranhão, a rádio mais antiga é a Timbira, que completou este anos 64 anos de existência.


Vem o advento da televisão. A primeira transmissão oficial data de 18 de fevereiro de 1972. No Brasil, a pré-estréia ocorre a 3 de abril de 1950. No Maranhão, data de 29 de novembro de 1962 a criação da primeira Tv no Estado, oficialmente inaugurada em 09/11/1963. Tem como características o canal 4, a multiplicidade de programas produzidos na própria emissora, dessa forma, interagindo, naturalmente, com a comunidade, nasceu, então, a Tv Difusora.

Chegamos ao século XXI. A revolução tecnológica desafia a sobrevivência dos veículos impressos. O jornalismo on-line surge como uma nova vertente, embora ainda sejam tímidos os investimentos nessa mídia. Praticamente não há equipes especializadas de profissionais para a apuração de fatos voltados apenas para aquele veículo e o conteúdo das páginas on-line dos veículos de comunicação são reprodução do que é apurado pelas equipes dos veículos, vamos dizer assim, tradicionais.

Hoje, há seis jornais impressos circulando diariamente. O Imparcial, Jornal Pequeno, O Estado do Maranhão, O Debate, Tribuna do Nordeste, Diário da Manhã e O Litoral. Sobre os três mais antigos, sabe-se que O IMPARCIAL colocou sua primeira edição na rua, no dia 1º de maio de 1926, sob o comando do jornalista João Ferreira Pires. Em 29 de maio de 1951, o Jornal Pequeno foi lançado pelo jornalista José de Ribamar Bogéa, num momento em que todos os órgãos de imprensa do Estado, de uma forma ou de outra, achavam-se vinculados a grupos ou partidos políticos. Fundado por José Sarney e Bandeira Tribuzzi, nasceu há 42 anos o Jornal O Estado do Maranhão. São quatro emissoras de rádio AM: Timbira, Educadora, Mirante, Capital e Difusora. Na faixa FM estão Universidade FM, Difusora, Cidade, Jovem Pan, Mais FM, Esperança e Mirante. Há ainda as Televisões TV Mirante, Tv Difusora, TVE e TV Cidade. Cada um com sua história, sua trajetória, bem como os profissionais que neles atuam.


Estamos, portanto, às vésperas, das comemorações do bicentenário da imprensa brasileira, e pesquisadores, professores, profissionais lançaram, no dia 5 de abril de 2001, na cidade do Rio de Janeiro, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, o desafio de contar esses 200 anos da história da imprensa e da história do país.


Assim surgiu a Rede Alfredo de Carvalho. O nome é uma homenagem ao historiador pernambucano Alfredo de Carvalho. No início do século XX, sob os auspícios do IHGB - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele realizou a primeira pesquisa integrada sobre a imprensa brasileira. Constituiu-se, na verdade, em artífice do inventário documental que preparou o terreno para a aventura historiográfica reservada aos jovens pesquisadores da mídia impressa. Presidida pelo professor-doutor José Marques de Melo, da Cátedra da Unesco, a Rede é a maior referência em pesquisa sobre a história das mídias.

No Maranhão, a idéia ganha impulso, a partir de 20 de agosto de 2003, quando foi instalado o Núcleo Memória da Imprensa no Maranhão, que integra a Associação Maranhense de Imprensa. Começa a ser desenhada, a partir de então, com a contribuição de pesquisadores, profissionais, professores e estudantes da área de comunicação, a proposta que resultará no projeto Imprensa 200 anos – Memória Maranhão, integrando-se ao projeto global da Rede Alfredo de Carvalho, que comemora o bicentenário da imprensa no Brasil, programado para 2008.


Compartilhando do sonho daqueles que iniciaram a Rede Alfredo de Carvalho, a Associação Maranhense de Imprensa (AMI), enquanto instituição que tem caráter associativo e mobilizador, lança aos pesquisadores, professores, profissionais, estudantes, organismos governamentais, instituições não-governamentais, empresas e à sociedade o desafio de preservar a história da imprensa no Maranhão e apresenta a proposta da criação da Rede Memória da Imprensa Maranhense, articulação constituída por todos que também desejarem escrever uma nova página da história da imprensa maranhense, e convida todos a, integrarem a Rede, seja como personalidades físicas ou personalidades jurídicas, de forma a concretizar as ações do projeto Imprensa 200 Anos – Memória Maranhão, um conjunto de iniciativas que resultarão no maior acervo documental dos bens materiais e imateriais da imprensa maranhense, resultado de um esforço coletivo com vistas à criação do Memorial da Imprensa no Maranhão.

Faz-se urgente e necessário o compromisso do governador, do prefeito de São Luís, dos representantes dos organismos públicos, reitores das universidades, empresas, dos veículos de comunicação e das entidades representantivas dos profissionais, no sentido de somar esforços para que a cidade de São Luís, agraciada com o título de patrimônio da Humanidade pela Unesco, ganhe de presente o Memorial da Imprensa. Confunde-se a história da cidade com a própria história da imprensa. São as páginas de jornais, as fitas gravadas do rádio e da televisão, que servem de fonte de pesquisa para que a sociedade possa compreender o contexto sócio, político, econômico e cultural de uma determinada época. Entretanto, a falta de um espaço adequado, capaz de disponibilizar, de forma sistemática, o conjunto de bens materiais e imateriais da imprensa, acaba por deixar uma lacuna para esta cidade e para este povo, bem como deixa de registrar, com o devido reconhecimento e merecimento, o nome de jornalistas ilustres que tanto representam para a história do Maranhão pela sua contribuição intelectual ao nosso país. Somos berço de grandes poetas e jornalistas e a eles devemos o nosso reconhecimento.

Entende a Associação que a imprensa maranhense carece de iniciativas que visem preservar sua memória, articulando-a ao processo histórico e aos desafios do fazer jornalístico. O jornalista, enquanto sujeito de sua história, participa ativamente dos fatos que decidem o destino das sociedades. Por isso, entender a sua trajetória, as dificuldades enfrentadas e o papel desempenhado ao longo do processo de produção jornalística, nos ajudam a entender o perfil atual da imprensa local.

Contar a história da imprensa é contar a história da sociedade.

O desafio está lançado.

(*) Este texto tem fragmentos do trabalho de pesquisa sobre a Memória da Imprensa no Maranhão, da jornalista Roseane Pinheiro.

26 de Agosto de 2004

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