Boas vindas

Aqui estou para compartilhar um pouco do que penso sobre a vida e sobre a profissão de jornalista. Sejam todos bem-vindos

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A história dos bairros de São Luís

Publicada no dia 08.09.2005
Um passeio pela história dos bairros de São Luís

A origem do nome dos bairros de São Luís tem inspirações diversas. Cada nome carrega consigo uma história própria deste povo que no exato ano de 2005 comemora os 373 anos da cidade. Houve a época dos conjuntos habitacionais financiados pelo extinto Banco Nacional de Habitação (BNH), os bairros que buscaram inspiração nos santos e os redutos culturais.
Data dos anos 70, o início das cooperativas habitacionais na cidade. Grupos de pessoas de uma determinada categoria profissional recebiam financiamento do governo federal, por meio do extinto BNH. Assim surgiram, Cohatrac, Cohaserma e Cohafuma. Os conjuntos residenciais da década de 70 ganhavam seus nomes inspirados em homenagens às categorias.
O Cohafuma, que poucos sabem, é o Conjunto Habitacional dos Professores da Universidade Federal do Maranhão e tem suas ruas batizadas em homenagem aos cursos superiores. As ruas homenageiam os cursos: rua da Filosofia, rua da Matemática, rua da Geografia e, como não poderia deixar de ser, a rua dos Professores. Hoje, o bairro repousa tranqüilamente às margens da avenida Jerônimo de Albuquerque, entre o Vinhais e o retorno do Calhau. O Cohaserma, por sua vez, veio do financiamento para a Cooperativa dos Servidores do Estado do Maranhão. Localizado entre o Parque Atenas e a Cohama.
De um financiamento voltado para servidores federais, surgiu o Ipase. O nome original é conjunto José Bonifácio de Andrade e Silva, tutor de Dom Pedro I, mas ganhou o nome de Ipase por causa do Instituto de Previdência e Assistência do Estado, órgão ligado ao governo federal. Como conta o professor Waldir Costa, morador há mais de 30 anos, que o conjunto surgiu a partir de uma construção do antigo INPC (Instituto Nacional da Previdência). "Nesse tempo a Previdência era administrada pelo INPS, Funrural e Ipase, este último atendia os servidores federais nos Estados. E o governo federal decidiu investir na construção de imóveis para os segurados do Ipase nos Estados. Assim, foram construídas casas em todo o Nordeste e o último Estado foi o Maranhão. As famílias não tiveram condições de ficar com as casas e a população se candidatou aos imóveis. Mas o nome ficou", relembra.
O Cohatrac I nasceu da Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores do Comércio. Na sequência vieram Cohatrac II, Cohatrac III, Cohatrac IV e Cohatrac V. "Depois do Cohatrac I, só o II foi feito a partir do sistema de cooperativa. A partir do Cohatrac III, a construtora (Estrela) assumiu a responsabilidade de construir imóveis e vender. Segundo os moradores, foi quando o conjunto deixou de ser um recanto dos comerciários e passou a ser um conjunto de comerciantes.
O governo estadual também foi responsável pelo crescimento fora do perímetro central da cidade. Construída pela antiga Cohab (Companhia Habitacional do Maranhão), o bairro de mesmo nome tem seus 35 anos de existência e abriga hoje algo em torno de 10 mil famílias. Hoje, é formado por quatro conjuntos, que os moradores identificam pela ordem de construção.

Os redutos culturais
Nos arredores do Centro de São Luís, um dos mais antigos é o Bairro de Fátima, que rende suas homenagens à Nossa Senhora de Fátima, a santa que dá nome à igreja da comunidade. O bairro surgiu na década de 40 resultado de ocupações dos antigos terrenos da Marinha, Exército e Caixa Econômica e cresceu em decorrência do aumento do êxodo rural e da expansão desordenada da cidade a partir da década de 50. Outra versão dá conta de que o nome Cavaco veio de uma árvore cortada logo na entrada do bairro. "Existia nas proximidades do Bom Milagre um pé de arvore cortado. Aí foi batizado de Cavaco. Quando o Cafeteira foi prefeito, o bairro foi invadido por máquinas e então foi construída a capela. Coincidiu com a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a São Luís, e o bairro e a capela foram batizados de Fátima", lembra Luís Carlos Guerreiro, cantor e compositor nascido e criado no bairro.
Mais adiante, o João Paulo, outro bairro que tem fortes traços culturais. Ficou conhecido pelo tradicional festejo de São Marçal, que acontece todos os anos no dia 30 de junho, com a reunião de todos os grupos de bumba-meu-boi da cidade. Contam os antigos que a primeira reunião dos brincantes aconteceu por volta de 1928. O bairro era um sítio de nome João Paulo e o proprietário era Simeão Costa. Mas a origem do nome vem da época em que um homem por nome João Paulo vendia cafezinho no Caminho Grande, depois avenida João Pessoa e que este ano ganhou o nome de São Marçal em homenagem ao santo. O bairro se orgulha do patrimônio cultural e ostenta o registro de histórico de ser sede da primeira escola de samba de São Luís, a Turma da Mangueira, mas também guarda em si uma grande vocação comercial. É um grande centro comercial, o segundo a surgir na capital. No João Paulo, a avenida João Pessoa traz uma infinidade de comércios, o colégio Batistas, um dos mais antigos de São Luís. Nas ruas paralelas, estabeleceu-se o comércio atacadista, especialmente na rua Riachuelo.
Bem próximo ao Centro está a Madre Deus, inicialmente batizada de Madre de Deus. A história do bairro ganhou um livro. Madre Deus de Festejos e Festanças, de autoria de Chagas Júnior. Segundo Chagas, os primeiros registros do bairro datam de 1713, quando um vilarejo foi formado em torno de um local conhecido como Ponta de Santo Amaro. No final do século XIX, devido à instalação das fábricas de tecidos, teve sua população multiplicada. Hoje é um dos grandes celeiros da cultura popular abrigar grupos de manifestações folclóricas e por ser palco das folias de Carnaval e São João. Segundo o livro, há o registro de 21 manifestações culturais do bairro.
Comunidades remanejadas
A Areinha contabiliza seus 33 anos de existência. Tudo começou na época da construção da Ponte Bandeira Tribuzzi nos idos de 1972. Os então moradores da Camboa foram remanejados para o loteamento da Areinha, da União de Moradores do Bairro da Areinha (UMBA) e então surgiu o bairro. Uma de suas principais avenidas - , que dá acesso à avenida dos Africanos é corredor diário de transporte, tendo ao longo de sua extensão comércios de todo o tipo. Nos últimos 20 anos, os três mil moradores passaram a conviver com ilustres vizinhos órgãos da Justiça Federal, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Tribunal de Contas da União, mas nem assim dificuldades estruturais foram superadas.
O Túnel do Sacavém apresenta a falta de saneamento básico como uma das maiores dores de cabeça de uma parcela notável de seus moradores. O bairro, localizado nas proximidades da Jordoa, do Filipinho e do Barreto, teve o seu nome originado com base na influência direta do túnel existente sob a avenida João Pessoa, por onde passava a antiga estrada de ferro.
Homenagens diversas
O nome da maior ocupação da América Latina tem sua história. A Cidade Olimpíca nasceu em 1994, na época da Olimpíadas, daí da homenagem. Desejava a comunidade mostrar que seria vitoriosa como atletas que disputaram as competições. Hoje, seus 65 mil habitantes ainda enfrentam problemas com infra-estrutura e não sabem qual será o futuro: se São Luís ou São José de Ribamar. A comunidade é uma das área da cidade que está no debate sobre os limites territoriais da Ilha de São Luís
A televisão não ficou de fora. A novela Redenção deu nome ao bairro que surgiu em 1965 a partir de uma ocupação erguida sobre uma sobra de terreno do conjunto residencial Filipinho. Quem conta a história é Martinho Marinho Costa. "Nós vivíamos os mesmos dramas enfocados na novela, daí optarmos em adotar o seu título para denominar o bairro", disse. Hoje a comunidade vive sob a ameaça do despejo. A área de 52.912,29m2 pertence ao INSS e pode ser vendida a qualquer momento. A decisão está nas mãos da Prefeitura de São Luís, que cobra os tributos aos moradores.
A tendência por nomes em homenagens a políticos é comum. A primeira governadora mulher do Estado ainda dá nome a Vila Roseana Sarney, em São Luís. Pequena, mas organizada, é um dos menores bairros de São Luís. Localizada entre a Rodoviária, a avenida dos Franceses e a Vila Lobão, são apenas cinco ruas, onde famílias moram desde maio de 1994.
A Vila Lobão, homenagem ao então senador Edson Lobão, está encravada entre os bairros de Santo Antônio e Anil, nas proximidades do Terminal Rodoviário e da vizinha Vila Roseana.
Há também a homenagem a outros países. Assim, temos a Alemanha, Coréia e Japão. No caso da Alemanha, até a divisão política do país que deu origem ao nome permaneceu, e, assim, há a Alemanha de cima, caracterizada pelo luxo dos seus casarões, e a de baixo, marcada pela pobreza.
E a mãe natureza também não foi esquecida. Dois bairros nascem a partir da sugestão da natureza. Assim, o Angelim, árvore frondosa de cheiro pouco agradável, dá nome ao bairro que nasce no coração de uma floresta, construído pela antiga Cohab. Em seus arredores está o Angelim Velho, bairro pacato que, apesar da proximidade de grandes centros, ainda conserva algumas características da fundação, há cerca de um século, como as casas com grandes terrenos e árvores frondosas, motivo de tranqüilidade para as duas mil famílias que moram no local.
Inspirações religiosas
Na época em que o papa João Paulo II veio a São Luís, em 1982, nasce o João de Deus. A idéia de dar à ocupação o nome do maior ícone religioso do mundo foi uma forma encontrada pelas famílias para dar legitimidade à ocupação. "A gente não tinha casa para morar. Então resolvemos nos reunir e erguer as nossas casas", diz Maria Lúcia Pereira Cantanhede, uma das fundadoras do bairro. Hoje, a área de 110 hectares onde foi erguida o bairro é alvo de uma pendenga judicial numa ação movida desde 1985 pelos herdeiros B. R e Artemizia Pinheiro. Eles culpam o município e o Estado de ter facilitado a invasão e querem uma indenização.
O Bom Jesus também seu nome inspirado na fé. São mais de 18 anos de existência. Hoje seus 30 mil habitantes esperam com fé por dias melhores. O bairro apesar dos anos de existência e do grande contingente populacional apresenta velhos problemas de segurança e falta de estrutura.
Esperançosos também vive os moradores da Divinéia, inspirada em divino. A antiga invasão, situada entre os bairros da Vila Luizão, Olho D'Água e Santa Rosa, foi fundada há aproximadamente 15 anos, e as famílias, em sua maioria de baixa renda, lutam por uma melhor qualidade de vida.
A fé que se renova todos os dias foi suficiente para o surgimento da Fé em Deus, bairro localizado entre a Liberdade e o Monte Castelo, e distante cerca de quatro quilômetros do Centro. Nem por isso as quatro mil famílias viram acontecer muitos dos milagres pedidos.
Padroeiro da paz, São Francisco acabou escolhido com santo protetor da comunidade de pescadores que deu origem ao bairro do São Francisco. A comunidade já existia antes da construção da ponte José Sarney, na década de 60. Mas somente em 1971, foi criada a paróquia de São Francisco de Assis. Desde então são realizadas, anualmente, homenagens para o santo.
Um dos maiores aglomerados é o São Raimundo. O conjunto residencial existe há cerca de 10 anos e possui 3.750 casas, construídas por 12 empresas com financiamento da Caixa Econômica Federal. Grande parte dos moradores são funcionários públicos e pequenos comerciantes.
Ainda lista dos bairros religiosos, há o São Cristóvão, que, por ser na saída da cidade, vive um intenso tráfego de caminhoneiros. Todos os anos é nessa comunidade que se organiza o tradicional festejo em homenagem ao padroeiro dos motoristas.

Edvânia Kátia
Da equipe de O IMPARCIAL

19 comentários:

  1. Tai muito boa a informação. Esse tipo de matéria faz falta em O Imparcial nos últimos tempos.
    Att.: Lene Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. CONTRIBUIÇÃO CULTURAL DO NEGRO NA SOCIEDADE MARANHENSE -Sergio Ferretti. Em 1928 há pedido de licença para festado Divino por dona Anastácia Santos, do antigo Terreiro da Turquia no bairro do Sacavém.

    Paulo da Trindade - UFMA 2013.

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Bom artigo sobre os bairros! Podemos trocar essas informações. Faço Doutorado sobre esse assunto e não tenho encontrado quase nada. Abraço cordial

    ResponderExcluir
  7. Mas, afinal, por que o nome do bairro é Sacavém?

    ResponderExcluir
  8. Muito bom. Na capital perço de uma cultura singular, não conhecermos a historia de nossa formação recente é inaceitavel. Parabéns pela iniciativa. Se pudéssemos colocar estas informações - no formato de reportagens na tv- seria excelente. Creio q todos despertariam a curiosidade por saber suas origens. E AINDA VALORIZARÍAMOS OS ESTUDOS DESENVOLVIDOS NA ACADEMIA (CURSO DE HISTORIA E AFINS).

    ResponderExcluir
  9. OI
    PRAZER, ME CHAMO: JHONATAN SLYKER.
    GOSTARIA DE SABER A DATA DE FUNDAÇÃO DO BAIRRO DO SÃO FRANCISCO EM SÃO LUÍS - MA.

    ResponderExcluir
  10. POR GENTILEZA QUERIA CONHECER MAS A HISTÓRIA DO MEU BAIRRO JOÃO DE DEUS , PRA MINHA MONOGRAFIA, FICAREI FELIZ SE AJUDAR ME NESTE PROPÓSITO. ENDEREÇO DE EMAIL: mano.elf@hotmail.com meu facebok também

    ResponderExcluir
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  12. Nossa.!!!
    Gostei de mais em saber a origem não só do meu bairro mais dos outro. Parabéns Edvania Kátia. Pela iniciativa

    ResponderExcluir
  13. Oi boa noite gostaria de saber a data do aniversario da vila luizao

    ResponderExcluir
  14. Parabéns EdVânia Kátia! Gostei do seu texto!

    ResponderExcluir
  15. Parabéns,ótimo trabalho!
    Gostaria q fosse ampliado este trabalho com mais bairros, principalmente os históricos da cidade, ex.: madredeus,portinho,liberdade,
    tamancão,etc...

    ResponderExcluir
  16. Gostaria de saber do bairro AREINHA como era antes de ser o bairro hoje

    ResponderExcluir
  17. Não encontrei sobre bairro Bequimão ....queria saber dele ..alguém sabe ?

    ResponderExcluir
  18. João Paulo foi o primeiro dono do sítio lá ele era comerciante, as pessoas diziam: vamos ao João Paulo! Ele vendia materiais de construção, desconheço que ele vendia refeições. Ele era meu tetra avô!

    ResponderExcluir

Obrigada por visitar esta página. Espero ter ajudado.