Boas vindas

Aqui estou para compartilhar um pouco do que penso sobre a vida e sobre a profissão de jornalista. Sejam todos bem-vindos

sábado, 23 de abril de 2011

Cada qual no seu quadrado - uma reflexão sobre a importância do jornalista

Dizem que ado, ado, ado. Cada qual no seu quadrado. O exercício da profissão de jornalista requer conhecimentos técnicos, éticos e científicos específicos da profissão, assim como ocorre com as demais profissões. A derrubada da obrigatoriedade do diploma de jornalista pelo Supremo Tribunal Federal pode até ter tirado de toda uma categoria o direito à regulamentação profissional, mas não pode tirar da sociedade o direito de escolher o jornalismo de qualidade que, necessariamente, passa pela formação de nível superior para o exercício da profissão.

Digo isso porque só a própria sociedade pode se proteger. Nós, jornalistas brasileiros formados, estamos lutando para que o quadro se reverta. Com a decisão do STF é necessário garantir a aprovação no Congresso Nacional do projeto-de-lei que ponha um ponto final à confusão. Enquanto valer a decisão do STF, entretanto, é a sociedade que tem que se defender contratando só jornalistas habilitados para o exercício profissional, devidamente formados e que zelem pela ética no exercício profissional.

Seja na redação de um jornal, de um rádio ou de um televisão, seja na assessoria de imprensa, é preciso ter zelo e ética com a informação. Por isto lutamos para que volte a nossa regulamentação profissional. A alegação para a derrubada do diploma foi de que se só os jornalistas formados podem exercer a profissão, as outras pessoas não poderiam mais manifestar seus pensamentos e idéias. Uma mentira. Porque todos nós sabemos que no estado democrático de direito, todos têm o direito de dizer o que pensam e manifestar esse pensamento de várias formas, seja por meio de uma faixa, de panfleto ou de um megafone, se assim preferirem, o que é bem diferente de uma notícia de jornal porque vamos e convenhamos, o jornal é um veículo de comunicação e tudo que lá é noticiado leva as pessoas a tomarem decisões para um lado ou para o outro.

Uma notícia erroneamente veiculada pode manchar a honra de uma pessoa para o resto de sua vida. Então, pensem comigo. Se qualquer pessoa que não aprendeu a técnica necessária para escrever uma notícia e sequer conhece o Código de Ética dos Jornalistas ou as leis que garantem o direito à honra e a privacidade, o direito à imagem, o direito de se manifestar, sair por ai escrevendo para os jornais, qualquer cidadão está sujeito a ver sua foto ou seu nome estampado em um jornal em situações vexatórias. É isso que vai acontecer se todo mundo achar que pode ser jornalista e se a sociedade não buscar meios próprios de se proteger.

Sempre tenho dito que o maior risco está na assessoria de imprensa e nas organizações públicas e privadas. Isso porque os donos de jornais, rádio e tv pensam duas vezes antes de contratar uma pessoa sem formação. Sabem que estarão colocando em risco a própria atividade. Mas quando o assunto é poder público e também na iniciativa privada, qualquer um acha que pode fazer o trabalho de um assessor de imprensa. E então uma sucessão de erros pode colocar em questão a imagem de uma organização.

O assessor de imprensa é o responsável pela intermediação entre a organização e os seus diversos públicos. É dele a responsabilidade de redigir e editar o material que será veiculado em nome daquela instituição. É ele que cria o discurso da instituição para que a sociedade entenda a que a organização se propõe. É este assessor que zela pela imagem da instituição, estabelecendo relações éticas, com os diversos segmentos. Não se trata apenas de fazer um “jornalizinho” como muitos dizem por ai, depreciando o trabalho deste profissional. É muito mais do que isso.

Vou encerrando por aqui. Espero que em breves palavras eu possa ter mostrado porque que uma palavra com dez letras – J O R N A L I S T A – pode fazer toda a diferença na vida das pessoas. Porque jornalista com diploma é dez, jornalista sem diploma pode ser de um a nove, dependendo se ele sabe ler e escrever e o que ele sabe ler e escrever. Mas mesmo aqueles que chegam ao nove, aquele um que fica faltando, é a base que falta. Já pensou uma casa sem o alicerce.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Terapia do riso conjugal

*Publicado em www.querdizer.com.br em 02/04/2008

Foi num desses almoços, na correria do dia-a-dia, que me deparei com uma filosofia de vida. Estávamos conversando sobre relação entre homens e mulheres. De repente, uma colega de serviço virou e disse: sabe que eu sou feliz. Embora seja casada há muitos anos, eu ainda rio do meu marido e, melhor que isso, eu ainda sorrio com ele. Foi então que me dei conta de que uma das melhores qualidades que os casais podem ter é o bom-humor. É o que eu chamaria de terapia do riso conjugal.

Sabe. Encontrar um par não é tarefa fácil. Embora todas as pessoas guardem em si um mistério divino, olhar para alguém e enxergar mais as qualidades que os defeitos não é algo que acontece assim, do dia para a noite. Então, depois daquele almoço, comecei a prestar mais atenção nos casais e percebi aqueles que conseguem superar com bom-humor as adversidades do dia-a-dia são, de fato, mais felizes. Rir do outro e com o outro é um exercício que faz muito bem para alimentar o amor.

Quando sorrimos, movimentamos os músculos da face e liberamos várias substâncias para o organismo. Agora, sorrir a dois, é multiplicar essa sensação de bem-estar. Isto sem falar que uma boa gargalhada é contagiante. Experimente estar ao lado de alguém e soltar aquela gargalhada gostosa. A resposta é imediata. Se houver sintonia, a sensação de felicidade é inevitável.

Está comprovado que sorrir é um exercício que faz bem à saúde. No livro, A Terapia do Riso, Eduardo Lambert, especializado em terapias holísticas, explica que a terapia do riso ou a risoterapia é um método terapêutico existente desde a década de 60, propagado pelo médico americano Hunter Adams chamado de "Patch Adams", que desde à época de estudante já implantava este método em hospitais e escolas. A história virou filme de mesmo nome, onde o ator Robin Williams atua como protagonista.

Diz Lambert que “o riso é um grande estimulador, suficiente para mandar uma ordem para o seu cérebro, a nível do hipotálamo, e sintetizar as endorfinas, mais precisamente as betas endorfinas, que são substâncias analgésicas similares às morfinas, mas com potência analgésica cem vezes maior. Estas substâncias são produzidas nas situações de riso, gargalhadas, alegria ou em toda a situação que te dá um certo bom humor”. E mais: “Quanto mais gostosa a gargalhada ou mais efusiva a risada, maior será a síntese de produção de endorfinas, que podem ser chamadas inclusive de hormônios da felicidade”. Então, já pensou que explosão. Você e seu parceiro sorrindo?

Todos nós já vivemos situações de tensão ao lado dos nossos parceiros. Fazendo um passeio pelas nossas recordações, vamos lembrar dos dias de desencontros, das trombadas dentro de casa, de alguma bebedeira extremamente irritante, de uma briga por ciúmes, daquela cena irritante onde alguém parquera seu/sua parceiro/a, do futebol que as mulheres costumam detestar, das reclamações porque um dá mais importância ao trabalho que o outro, da briga por esquecer o dia do aniversário. Enfim. Mas casais que colocam em prática a terapia do riso, horas, dias ou anos mais tarde, darão boas gargalhadas juntos dessas situações. Nas páginas desse romance, as situações de potencial crise podem ser apenas um capítulo engraçado de um belo romance, se o casal tiver um bom potencial emocional para saber lidar com as situações.

Nem todas as relações são assim. Algumas são cercadas de não-me-toques. Se um está sorrindo demais é porque está muito feliz. Para estes, melhor fosse que aquela pessoa ficasse triste, a ponto de depender do olhar misericordioso do seu parceiro, criando uma espécie de dependência. Ou então, se o outro sorrir é porque não leva a vida a sério. É que algumas pessoas consideram que numa relação, principalmente, os casamentos, sejam eles formais ou não, não há espaço para a leveza das boas gargalhadas. Ou, melhor dizendo, para a prática da terapia conjugal do riso.

Explica-se. Há hoje uma ramificação pouco conhecida da medicina que se dedica a estudar a maneira como as emoções influenciam no sistema imunológico das pessoas. Resolvi ler mais um pouco mais sobre o tema e acabei chegando ao índice emocional dos seres humanos. Vocês sabiam que há seres com índice emocional negativo e índice emocional positivo? Eu não sabia, mas depois de ler um pouco mais sobre assunto, cheguei à conclusão de que prefiro os relacionamentos em que o parceiro tem um índice emocional positivo. E vocês?

Vamos precisar de todo mundo

* Publicado em www.querdizer.com.br em 08/11/2007

“Um mais um é sempre mais que dois”. Nos versos da música O Sal da Terra, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, busco inspiração para escrever este artigo. Sou daquelas que acreditam que nenhum sonho se realiza quando estamos sozinhos. Isso porque a vida fica mais cheia de graça quando descobrimos o significado da palavra compartilhar. E como é bom olhar para o lado e ver que tem alguém que tem os mesmos sonhos que você. Seja na vida profissional, pessoal ou amorosa.

Àqueles que sonham com uma nova era para o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís como eu, “quero dizer nenhum segredo”. Todos nós bem sabemos que “está na hora de arrumar o chão da nossa casa”. Já são quase 25 anos. A última disputa para o nosso sindicato aconteceu no ano de 1987. Na época, os colegas, por meio do Imprensa Livre, informativo do Movimento de Jornalistas 5 de Maio, já exigiam uma entidade mais ativa. O tempo passou. Os sonhos não.

Quando eu ingressei na faculdade no ano de 1987, o Movimento 5 de Maio organizava debates com os estudantes para discutir o movimento sindical. Cheguei a ir a um desses debates. Saí da faculdade em 1993. Fui buscar meu lugar ao sol no mercado de trabalho, como todos nós fazemos. Mas aquela indignação, estampada nos olhos de quem estava naquele debate, nunca me saiu da cabeça.

Motivada por natureza, fui envolvendo-me com várias causas. Apaixonei-me pela Redação e caprichava sempre nos textos. Escrever sobre a história das pessoas, formar opinião, é fascinante. Depois enveredei pela área da Assessoria de Comunicação. Uma das coisas que mais amo no jornalismo é saber que posso contribuir para que alguma coisa mude, seja atuando numa Redação ou numa Assessoria. Consegui realização profissional. Para muitos, isso seria o suficiente.

Mas ainda bem que muitos de nós sempre queremos ir além. Sei que não é fácil “recriar o paraíso agora para merecer quem vem depois”. Cada geração, ao seu tempo, tem seus desafios. E, hoje, o Movimento Cutucar e a chapa Vamos Precisar de Todo Mundo, tem sob sua responsabilidade levar adiante o mesmo sonho dos integrantes do Movimento 5 de Maio.

Muitos devem se perguntar. Será que daqui pra frente a história vai ser diferente? Isso só o tempo vai dizer. Um bom começo é saber que “vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão”. Também não podemos esquecer que “pra melhor juntar as nossas forças, é só repartir melhor o pão”. Sabe o que isso significa. Que todos nós, do lado de lá, ou do lado de cá, podemos estar de um só lado: o nosso lado, o lado dos jornalistas.

E àqueles que acham que tudo na vida é pessoal e não encaram a luta pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Luís como um anseio coletivo, é importante dizer: “quero não ferir meus semelhantes. Nem por isso quero me ferir”. Não podemos deixar de defender o coletivo em detrimento de interesses particulares.

Então, para finalizar, faço um convite. O que é que você está esperando. “Anda”.

A Caixinha de Pandora

* Publicado em www.querdizer.com.br em 31/05/2007

Todos nós temos a nossa caixinha de Pandora. Há dias em que nos deparamos com situações que nos colocam diante de sentimentos como o medo, fraqueza, posse, ciúme, raiva, hostilidade, insegurança, frieza, autoritarismo, arrogância, prepotência, displicência, indecisão. Uns mais, outros menos. A lista é infinita. O importante é saber que, apesar das adversidades, guardamos em nós um bem interior que nos fortalece, o amor por nós mesmos. A vida é um aprendizado e, mesmo que a caixinha de Pandora se abra, ainda assim, a chama da esperança há de estar acesa. Amanhã é sempre um novo dia e todos nós podemos deixar no passado as situações que não nos fazem bem.

Mas como podemos exercitar o segredo da caixinha de Pandora? Acredito que um bom começo é perceber que as Pandoras de nossas vidas somos nós mesmos. Quando conseguimos nos libertar de situações que nos obrigam a conviver com sentimentos que não desejamos, a vida se torna mais feliz, o riso corre frouxo, a alegria é contagiante. Mas, quando insistimos na mão oposta, somos tomados pelo pessimismo. Ainda bem que resta a chama da esperança e que, a qualquer momento, pode aceder de novo em nós a possibilidade de vivermos o hoje melhor que o ontem. Quanto mais cedo aprendermos a fechar a caixinha de Pandora, antes que o mal se espalhe, melhor para nós.

Mesmo quando surgem situações inesperadas. De repente, você nem estava esperando que acontecesse e aconteceu em questão de segundos o que até um segundo atrás era improvável. Um enter, um start, uma palavra dita na hora e lugar errado e lá se foi. Mas por pior que possa parecer o que o momento apresenta, nada pode tirar a graça de poder dar boas risadas no futuro. Já prestaram atenção como algumas circunstâncias que nos colocam diante da Caixinha de Pandora hoje, servem para nos fazer refletir e até sorrir amanhã? Só o que não vale é deixar de agradar a si para agradar aos outros. Se a caixinha foi aberta, então que se enfrente as situações, sempre com a convicção de que problema só torna problema quando problematizamos além dos limites. Para tudo há solução. Sei que há pessoas que dramatizam tudo, mas prefiro jogar no outro time: dos bem humorados, até para lidar com situações limite. Como é bom rir de si mesmo e das situações críticas e deixar os outros à vontade para rirem com você, até dos problemas. Quem vive assim, vive mais e melhor.

É claro que ninguém tem uma fórmula mágica para lidar com as situações. Tanto que o que é bom para uma pessoa, nem sempre é bom para a outra. Somos diferentes na essência e no caminhar. Cada um de nós guarda em si uma poção única. Assim, como na mitologia grega, Pandora, a primeira mulher, criada por Zeus, recebeu presentes diversos dos deuses, nós recebemos, ao longo de nossas vidas, dádivas dos nossos pais, amigos, amores, amantes, filhos, colegas de trabalho, vizinhos ou simplesmente conhecidos. A partir das relações que estabelecemos, vamos consolidando a nossa personalidade, desenvolvendo nossa espiritualidade, descobrindo nossas potencialidades, buscando afinidades, identificando nossas almas gêmeas, rejeitando nossos opostos, definindo o que queremos e porque queremos e aprendendo a lidar conosco e com os outros.

Como bem sabemos, a expressão Caixa de Pandora é utilizada para designar algo que é preferível não tocar. Mas Pandora não resistiu à tentação. Nós, os mortais, também somos assim. Não resistimos às tentações, embora alguns de nossos gestos impensados possam nos colocar diante de situações que não fazem bem para a nossa alma. Acredito, entretanto, que é preferível deixar que a caixa se abra. É melhor saber hoje o que vamos enfrentar do que esperar pelo amanhã. Não podemos ter medo de viver. Por mais que a gente esteja diante de situações que nem sempre desejamos, encontremos pessoas que nem sempre nos respeitem e façam felizes, por mais que um dia não seja exatamente o que queremos, o outro será sempre um dia melhor no qual vamos comemorar por termos nos dado a chance de. Só temos que saber quando é a hora de fechar a caixinha para que todo o mal não se espalhe e ainda reste a esperança. E isso, só cada um de nós poderá saber.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

É sim ou não

Publicado em www.querdizer.com.br em 04/05/2007

Há algum tempo aprendi que na vida só há duas respostas: é sim ou não. Mesmo quando estamos na dúvida, já temos uma tendência, que acaba se confirmando ao final. Por isso, é sempre importante seguir a intuição, que traz as respostas antes mesmo que o desejo seja verbalizado. Por isso, quando tenho que tomar uma decisão, ouço sempre a minha intuição e dependendo do sim ou do não que ela me diz, sigo adiante ou não.

E como é que definimos o sim e o não. Na lingüística, Ferdinand de Saussure descreve um signo como uma combinação de um conceito com uma imagem sonora. Surge, então, o significante e o significado. O significante é a parte concreta do signo, como sons ou letras e perceptível através dos sentidos; e o significado, é a idéia formada, a imagem que tem-se em mente. Também na teoria saussiriana, o signo linguístico é arbitrário e convencional. Isto é, alguém resolveu dizer que sim é sim e passou a ser sim. Mas, e na vida?

O sim de hoje pode ser o não de amanhã. Temos o livre arbítrio de podermos mudar de opinião. Como perguntei no artigo anterior - Nossas escolhas de cada dia: "será que é possível fazer a desescolha - se é que existe essa palavra - quando fazemos a escolha e não queremos mais?. Hoje respondo melhor. É possível sim voltar atrás. Mas não é possível voltar ao mesmo instante em que decidimos. O mundo gira. Por isso, prefiro viver o presente. Se vou seguir meu destino ou mudar minha rota, isso não importa. O que é importa é que eu seja feliz hoje, principalmente hoje.

E vamos ver o quanto é difícil dizer sim para escolhas que nos fazem mais felizes. Desde criança a maioria de nós acaba sendo educado ou educada para o não. Não faça isso, não faça aquilo. Frases verbalizadas, costumeiramente seguidas de um gesto com o indicador, que só ensinam a negação. Não que não seja bom ter limites, desde que um não se transforme num sim, sim para uma vida melhor no futuro, e não num não para a vida.

A negação para uma vida mais feliz também está presente nos sim que vamos dizer. Há certas situações em que mesmo dizendo sim, quando na verdade o nosso desejo era dizer não, acabamos nos enganando. Há quem diga sim para agradar ao chefe, ao companheiro ou companheira, aos filhos. Acham que o sim pode pôr fim a uma discordância. A pessoa diz eu quero assim, você concorda e, aparentemente, tudo se resolve. Mas será que se resolve mesmo? Acredito que não. Não podemos dizer sim que violentem a nossa forma de viver. O sim e o não devem ser do fundo do coração, tanto que sempre dizemos que amigos não são aquelas pessoas que nos dizem o que queremos escutar, mas o que precisamos escutar.

Sei que nem sempre é fácil decidir. A vida é feita de escolhas. O amor, por exemplo, é feito de coincidências, sorte e de escolhas. As duas primeiras opções não dependem da nossa vontade, mas a última, dependendo dos sim ou não que vamos dizer, podemos ser mais felizes ou não.

E quando a nossa decisão depende da decisão de outras pessoas, fica mais difícil ainda. Pior é quando ficamos reféns das escolhas dos outros. Neste caso, não sou adepta do grande sucesso de Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar. Nem de Cazuza: vida louca, vida breve. Já que eu não posso te levar, quero que você me leve. Não. Precisamos aprender dizer sim ou não por nós mesmos e não pelos outros. Devemos tomar as nossas decisões a partir das nossas escolhas e não esperar que o outro escolha para, então, decidirmos. Precisamos aprender a ser donos das nossas escolhas.

O sim e o não também se traduzem em gestos. Então, vamos aprender a perceber a atitude dos outros. As ações falam mais que as palavras. Muitas vezes ficamos diante de pessoas que nos dizem sim, mas quando brigam, ignoram, maltratam, usam e abusam de nós, seja no trabalho, na família ou num caso de amor, na verdade, estas pessoas estão nos dizendo não. Não a nós, não à possibilidade e o direito que temos de levarmos uma vida mais feliz. No outro extremo, às vezes, nos deparamos com pessoas que nos dizem não, mas quando nos afagam, nos compreendem, nos incentivam, estas pessoas estão dizendo sim. Já viram o caso de namorados que, quando brigam, um diz para o outro: não me ligue mais, quando na verdade tudo o que um quer é que o outro diga sim para a relação e ligue.

Não vamos esquecer também que o corpo também fala e, portanto, se um sim ou um não são verbalizados, mas os olhos ficam perdidos, a cabeça faz ligeiros movimentos, a perna balança, as mãos se esfregam uma na outra, então, é sinal de que há algo de errado. Este sim pode ser um não. Ou o não pode ser um sim. Some-se à intuição, à observação.

Nem o silêncio é silêncio. Quando silenciamos, apenas não verbalizamos o sim ou o não, mas as nossas atitudes, sem sombra de dúvidas, já o fizeram. Apenas silenciamos para não gerar um conflito ou para tentarmos sermos omissos, deixando que os outros decidam por nós. Quando agimos assim, podemos até confundir os outros, deixá-los na dúvida, mas, no fundo o que queremos é que o outro entenda o nosso sim ou o nosso não e, de preferência, verbalize o sim ou o não para atender às expectativas que desejamos.

O sim mais famoso que conhecemos é aquele diante do altar. Ali, se a nossa escolha foi bem feita, este sim não vai se transformar em não com o passar dos anos. Este sim vai reafirmar os laços de felicidade e todos os dias, quando olharmos para aquela pessoa, vamos ter certeza de que, embora a convivência muitas vezes nos coloque diante do não, é possível sim seguir adiante.

Sim ou não são apenas três letras que podem fazer toda a diferença em nossas vidas. E, para quem ainda não sabe que caminho seguir, termino com uma oração que conheci há poucos dias. É a Oração da Serenidade: "Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir uma da outra". Então, vamos aprender a dizer sim ou não.

Nossas escolhas de cada dia

* Publicado em www.querdizer.com.br em 05/02/2007

Há certos momentos em nossas vidas em que ficamos diante de uma encruzilhada. Precisamos fazer uma escolha. Nesses momentos experimentamos aquela sensação de querer ter o dom de saber o que futuro nos reserva, mas se isso fosse possível perderia a graça. A vida é mágica, é cruzar os dedos para ver se vai dar certo, é acreditar e, ao final, sorrindo ou chorando, perceber que valeu pela experiência. Decepcionar-se ou encantar-se antecipadamente tira o charme.

Uma nova proposta de trabalho, fazer mestrado, mudar de cidade para viver um grande amor, escolher a opção do vestibular, decidir ser pai ou mãe, aceitar aquele convite para sair, convidar alguém para sair. Uma decisão pode mudar toda uma vida. Por isso o friozinho na barriga, a insegurança, a busca pelo aconchego e colo. Nessas horas, os anjos que aparecem em nossas vidas estão presentes para ouvir, incentivar, mas, principalmente para entender nossas opções.

No final das contas, caberá a cada um de nós decidirmos o que queremos para as nossas vidas. Estamos sempre diante de situações em que podemos mudar toda a nossa história e sermos mais felizes ou não. É. Essa tal felicidade. Que tanto procuramos. De repente um deslize e acabou. Ou então, uma atitude e a temos.

Há aqueles que certamente dirão que acreditam em destino e, por isso, escolhendo sim ou não, mais cedo ou mais tarde, o destino se incumbirá de providenciar o que estava traçado. Apostam no ditado: o que é do homem o bicho não come. Há os que não acreditam. Dirão que o destino cada um faz a seu modo e dependendo das suas escolhas. Não sei quem terá mais razão.

E quando fazemos a escolha e não queremos mais. Como fazer a desescolha? Se é que existe essa palavra. Será que é possível voltar no tempo, mudar o rumo da história como naquele filme “De Volta para o Futuro”. Não sei. Por isso, prefiro viver o presente. Sou daquelas que acredito que é preciso seguir a intuição. Ser racional é bom, melhor ainda é ser emocional. Se vou seguir meu destino ou mudar minha rota, isso não importa. O que é importa é que eu seja feliz hoje, principalmente hoje.

Faço sempre o que o meu coração pede e, embora aparentemente não seja a melhor opção, dando certo ou errado, ainda assim, sou feliz. A vida não pode ser matemática, é melhor que seja filosofia